ACC 2018 | Risco de infarto em cirurgias não cardíacas

Um de cada cinco pacientes que apresentam um infarto perioperatório durante uma cirurgia não cardíaca devem ser reinternados dentro dos 30 dias e um de cada sete morre dentro deste mesmo período de acordo com este novo estudo apresentado nas sessões científicas do ACC 2018 e publicado simultaneamente no Circulation.

Esses infartos poderiam ser considerados uma complicação iatrogênica pelo fato de não estarmos fazendo uma correta avaliação cardiológica antes de uma cirurgia não cardíaca.

Mais de 1.000 pacientes que sofreram infartos perioperatórios (14%) faleceram durante a hospitalização índice em comparação com somente 0,3% dos infartos que não ocorreram nesse contexto (p < 0,001).

Os pacientes que sobreviveram à internação índice apesar do infarto tiveram três vezes mais chances de ser reinternados dentro dos 30 dias vs. os que não tiveram infartos (19,1% vs. 6,5%; p < 0,001). Ditas readmissões se deveram a infecções (30%), complicações cardiovasculares (25,3%) e sangramento (10,4%).


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Nos casos complicados com um infarto perioperatório, a mortalidade diferiu de acordo com o tipo de cirurgia não cardíaca. O recorde de mortalidade ficou para a cirurgia torácica, com 28,4% de mortalidade, seguida da cirurgia geral com 20,3%, das cirurgias vasculares com 15,3% e das neurocirurgias com 12,5%.

A revascularização coronariana só se realizou em 15,8% dos pacientes com infartos perioperatórios considerados globalmente. Ao desmembrar, 12,5% dos infartos sem supradesnivelamento foram revascularizados contra apenas 30,4% dos infartos com supradesnivelamento do segmento ST. Temos que ser cientes de que os pacientes já se encontravam internados no momento de apresentar a dor e o supradesnivelamento do segmento ST e em quase 70% não se tomou nenhuma providência. 


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Fazendo o papel de advogado do diabo, seria possível dizer que todos esses pacientes se encontravam recebendo analgésicos e sedantes, o que poderia ter feito a dor desaparecer. Além disso, sem uma dor sugestiva que acenda a luz de alarme, também não há eletrocardiograma. 

Título original: Hospital readmission following perioperative acute myocardial infarction associated with non-cardiac surgery.

Referência: Smilowitz NR et al. Circulation. 2018;Epub ahead of print.


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