CRM vs. DES: qual estratégia se associa a melhor qualidade de vida a longo prazo?

O estudo SYNTAX (Synergy Between Percutaneous Coronary Intervention With Taxus and Cardiac Surgery), que incluiu pacientes com lesões de 3 vasos ou tronco de coronária esquerda, mostrou que a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) foi superior à angioplastia com stents farmacológicos (DES),fundamentalmente com base no infarto agudo do miocárdio e nas novas revascularizações.

CRM vs. DES: qual estratégia se associa a melhor qualidade de vida a longo prazo?

Até agora não havia sido estudada a percepção dos pacientes, que pode ser objetivada com diferentes escores de qualidade de vida, especialmente a longo prazo. A curto prazo, quase não tem sentido estudá-la, já que a angioplastia sempre vai ser superior pela rápida recuperação e pelo fato de o método ser menos invasivo.

 

No presente trabalho foram incluídos os 1.800 pacientes do estudo original, que foram avaliados em 1, 6, 12, 36 e 60 meses com diferentes testes como o Angina Questionnaire e o 36-Item Short Form Health Survey.


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Em 5 anos de seguimento, a cirurgia foi superior à angioplastia com DES em vários aspectos da qualidade de vida, como a frequência de angina, a função física e a função emocional.

 

Na análise de subgrupos observou-se uma significativa interação entre a complexidade anatômica (medida pelo SYNTAX score) e o alívio da angina (diferença média no score de frequência de angina para CRM vs. angioplastia de -0,9, 3,3 e 3,9 pontos para o SYNTAX score baixo, médio e alto, respectivamente; p = 0,048 para a interação).


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Conclusão

Em pacientes com lesão de 3 vasos e tronco da coronária esquerda, tanto a cirurgia de revascularização miocárdica quanto a angioplastia com stents farmacológicos se associaram a uma significativa e sustentada melhora na qualidade de vida em 5 anos de seguimento.

 

O alívio da angina a longo prazo foi melhor com a cirurgia, especificamente nos pacientes com maior complexidade anatômica.

 

Comentário editorial

É necessário lembrar que o estudo SYNTAX só utilizou stents farmacológicos de primeira geração, hoje obsoletos. Há evidência (Palmerini T et al. Lancet 2012;379:1393–402 e Bangalore S et al. Circulation 2012;125:2873–91) que sugere que a nova geração de DES (em particular os eluidores de everolimus) tem uma taxa de nova revascularização e de trombose significativamente menor que os eluidores de paclitaxel. Pelo anteriormente dito, é possível que a vantagem da cirurgia observada no estudo SYNTAX se atenue com os novos dispositivos.  

 

Título original: Quality of Life After Surgery or DES in Patients With 3-Vessel or Left Main Disease.

Referência: Mouin S. Abdallah et al. J Am Coll Cardiol 2017;69:2039–50.


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