Ticagrelor, ainda melhor do que pensávamos

Título original: Reduction in First and Recurrent Cardiovascular Events with Ticagrelor Compared with Clopidogrel in the PLATO Study. Referência: Payal Kohli et al. CIRCULATION AHA.112.124248.

Ao analisar os resultados de um grande estudo randomizado e controlado os pacientes normalmente são bloqueados da análise após a ocorrência de qualquer componente do desfecho primário 

Essa prática limita a informação sobre os eventos posteriores em pacientes que já apresentaram um evento não fatal. O estudo avalia o efeito do ticagrelor (um poderoso antagonista reversível do receptor de ADP P2Y12) comparado com o clopidogrel em eventos recorrentes do estudo PRATO (PLATelet inhibition and patient Outcomes).

Já foi relatado no estudo PRATO original que o ticagrelor reduz a combinação de morte cardiovascular, infarto e AVC (HR 0,84, 95% CI 0,77-0,92, p<0,001), mas este estudo prossegue com a análise, incluindo todos os pacientes que apresentaram eventos não fatais. O risco de um evento subsequente também foi significativamente reduzido pelo ticagrelor (HR 0.80, 95% CI 0.70-0.90, p<0.001). 

Os pacientes idosos, diabéticos, com antecedentes de infarto ou cirurgia de revascularização miocárdica, insuficiência renal ou de sexo feminino têm mais risco de eventos múltiplos. Nos pacientes que incluídos no estudo por infarto agudo do miocárdio com supradesnivel do segmento ST, foi mais provável que não apresentassem mais eventos ao contrário dos infartos sem supradesnivel do ST.

Com relação ao desfecho de segurança, já foi relatado no estudo PRATO original que o ticagrelor aumentou o número total de hemorragias em detrimento de hemorragia menor (HR=1.09, 95% CI 1.01-1.17, p=0.02), não sendo observada diferença nas hemorragias subsequentes.

Conclusão: 

O Ticagrelor comparado com o clopidogrel em síndromes coronarianas agudas reduz tanto a ocorrência do primeiro evento quanto os eventos subsequentes. Isso resulta em um número necessário a ser tratado ainda menor.

Comentário editorial: 

Esta análise, em que pesem suas limitações, tem grande implicação clínica. O ticagrelor, mais potente que o clopidogrel, apresenta maior risco de hemorragia, portanto seria previsível que, se estamos diante de um paciente com sangramento e que recebia ticagrelor, sejamos tentados a trocá-lo por clopidogrel. No entanto, neste estudo, não foi observado risco aumentado de hemorragia subsequente, de modo que a troca somente tiraria do paciente o benefício na redução de eventos isquêmicos.

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