Endocardite e TAVI, uma complicação rara mas devastadora

O lado bom desta notícia é que a incidência da endocardite pós-TAVI não é maior que após a cirurgia segundo este trabalho recentemente apresentado no EuroPCR 2019 realizado em Paris.

Existe muita evidência que descreve incidência, prognóstico, fatores de risco, etc. da endocardite após uma cirurgia de troca valvar a céu aberto. No entanto, sabemos muito menos sobre as causas e consequências deste evento no contexto do implante percutâneo valvar aórtico (TAVI), especialmente no seguimento a longo prazo de uma população do mundo real.

Dois registros, um da Finlândia e o outro da Suíça, ambos recentemente apresentados no EuroPCR 2019, evidenciaram a brecha em relação aos dados, especialmente quando o TAVI cresce em populações de menor risco e maior expectativa de vida. Um dos fatores que poderiam predispor à endocardite é a disfunção da prótese.

A análise retrospectiva de Moriyama e colegas buscou os dados de maneira retrospectiva do registro Finn Valve em 6.463 pacientes submetidos a substituição valvar aórtica (33% dos quais receberam TAVI) entre 2008 e 2017. 68 pacientes (1,05%) desenvolveram endocardite infecciosa no período de seguimento médio de 3,5 anos (intervalo de 0 a 10 anos).


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As taxas foram similares entre o TAVI (0,70%; 3,4 casos por 1.000 pessoa/ano) e a cirurgia convencional (1,22%; 2,9 casos por 1.000 pessoas/ano). Na análise de Kaplan-Meier o risco de endocardite após 8 anos é de 1,28% para TAVI vs. 1,39% para a cirurgia.

Os preditores de endocardite foram o sexo masculino (HR: 1,73), uma ferida esternal profunda ou a infecção do acesso vascular (HR: 5,45).

Após a endocardite a mortalidade foi de 37,7% no seguimento de um mês e de 52,5 no seguimento de um ano. Os casos tratados com cirurgia apresentaram menos chances de morte por esta mesma complicação (HR 0,34, IC 95% 0,21 a 0,61).

A associação entre endocardite e infecção de acesso vascular não chama a atenção sobre os cuidados que nós, Cardiologistas Intervencionistas, devemos ter em relação ao sítio de punção, já que não temos uma cultura de assepsia e antissepsia como pode ter uma Cirurgião Cardiovascular.


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No estudo sueco, que incluiu 4.134 pacientes, 103 (2,6%) desenvolveram endocardite. Para eles os preditores foram a insuficiência renal (filtração glomerular de menos de 30 ml/min), acesso transapical (embora atualmente este acesso já seja anedótico), maiores gradientes valvares antes do procedimento, estado pré-procedimento crítico, maior volume de contraste e fibrilação atrial.

Título original: Prosthetic valve endocarditis after transcatheter or surgical AVR with a bioprosthetic valve: results from the FinnValve registry.

Referência: Moriyama N et al. EuroPCR 2019.


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