A revascularização coronariana baseada na fisiologia tem evidência há muitos anos com um dos primeiros estudos realizados sobre a matéria, que é o DEFER (1998-2001). No entanto, desde então ocorreram grandes mudanças, tanto na segurança e eficácia dos dispositivos quanto no tratamento médico. Tudo isso poderia afetar os resultados clínicos, o que é especialmente verdadeiro para as síndromes coronarianas agudas, já que vários estudos colocaram em dúvida a segurança de diferir lesões utilizando o fluxo fracionado de reserva (FFR). A disfunção transitória da microcirculação tanto em vasos culpados quanto em não culpados e a resposta reduzida à hiperemia foram propostos como mecanismos que poderiam mudar os resultados em pacientes com SCA.
Os pacientes foram randomizados (1:1) para receber FFR ou IFR em cada tipo de apresentação clínica (angina crônica estável ou SCA).
No estudo foram incluídos 4.529 pacientes, dos quais 2.130 receberam tratamento diferido com base nos resultados do FFR ou do IFR. Estes últimos incluíram 1.675 pacientes com angina crônica estável (ACE) (IFR 885 e FFR 790) e 440 cursando um SCA (IFR 222 e FFR 218).
O desfecho primário foi similar ao avaliar globalmente todos os pacientes (IFR 6,47 vs. FFR 6,41; HR: 1,03; IC 95%: 0,81-1,31; p = 0,81) da mesma forma que ao avaliar somente os pacientes nos quais a revascularização foi diferida pelo resultado do estudo funcional (IFR 4,12% vs. FFR 4,05%; HR: 1,05; IC 95%: 0,69-1,60; p = 0,82).
Ao analisar os resultados pela apresentação clínica, os pacientes que foram admitidos cursando uma SCA tiveram uma pior evolução (SCA 5,9% vs. ACE 3,6%; HR: 0,62; IC 95%: 0,39 a 0,99; p = 0,04). Esta diferença poderia ser explicada por uma falha do FFR para avaliar pacientes agudos (FFR: SCA 6,4% vs. ACE 3,4%; HR: 0,52; IC 95%: 0,27 a 1,00; p < 0,05). O IFR, que não requer hiperemia, não mostrou diferenças significativas ao avaliar os dois grupos de pacientes (SCA 5,4% vs. ACE 3,8%; HR: 0,74; IC 95%: 0,38 a 1,43; p = 0,37).
Aqueles pacientes que receberam revascularização e não apresentaram nenhuma lesão que fosse diferida tiveram uma evolução similar (SCA 8,7% vs. ACE 8,5%; HR: 0,91; IC 95%: 0,67 a 1,24; p = 0,55).
Conclusão
O IFR conduziu mais frequentemente a revascularização funcional desta coorte de pacientes. Os eventos foram pouco similares em um ano, mas os pacientes com síndromes coronarianas agudas avaliados com FFR (que apresentaram lesões diferidas) tiveram mais eventos que os avaliados com IFR.
Título original: Safety of coronary revascularization deferral based on iFR and FFR measurements in stable angina and acute coronary syndromes: a pooled patient-level analysis of DEFINE FLAIR and IFR SWEDEHEART.
Apresentador: Javier Escaned.
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