Está justificada a utilização de filtro de proteção distal nas pontes venosas?

Os guias atuais dão uma recomendação classe I ao uso de dispositivos de proteção embólica distal para a angioplastia em pontes venosas, mas a evidência que nos proporciona a realidade é controversa para respaldar esta recomendação.

¿Se justifica utilizar filtro de protección distal en los puentes venosos?

O objetivo desta metanálise foi comparar a mortalidade por qualquer causa, os eventos cardiovasculares maiores, o infarto agudo do miocárdio e a revascularização do vaso alvo das intervenções em pontes venosas de safena com ou sem sistemas de proteção distal.


Leia também: Angioplastia vs. cirurgia em isquemia crítica a longo prazo”.


Em total foram analisados 8 estudos com o incrível número de 52.893 pacientes. Ditos estudos compararam a angioplastia em pontes venosas com sistema de proteção distal (n = 11.506) e sem proteção embólica (n = 41.387).

 

Não foram observadas diferenças significativas em termos de mortalidade por qualquer causa (OR 0,79; IC 95% 0,55–1,12; p = 0,19), eventos cardiovasculares adversos maiores (OR 0,73, IC 95% 0,51–1,05; p = 0,09), revascularização da lesão alvo (OR 1,0; IC 95% 0,95–1,05; p = 0,94), infarto periprocedimento (OR 1,12; IC 95% 0,65–1,90, p = 0,69) ou infarto no seguimento (OR 0,80; IC 95% 0,52–1,23; p = 0,30) entre os dois grupos.


Leia também: Os 10 mandamentos dos novos guias de infarto com ST da ESC”.


Uma análise de sensibilidade que excluiu o registro CathPCI não revelou diferenças em termos de infarto periprocedimento ou revascularização, mas sim uma menor mortalidade e eventos combinados. As análises que incluíram somente os estudos observacionais não mostraram diferenças significativas em nenhum dos pontos antes mencionados.

 

Conclusão

Este trabalho que incluiu mais de 50.000 pacientes sugere que não existe benefício aparente no uso rotineiro de sistemas de proteção embólica distal ao realizar-se angioplastia em pontes venosas nas intervenções contemporâneas do mundo real. Obviamente são necessários estudos randomizados para definir o tema e, enquanto isso, é preciso revisar as recomendações atuais dos guias.

 

Comentário editorial

Surpreendentemente, quando se utilizou um modelo de efeito fixo, observou-se que o uso de sistemas de proteção embólica distal se associava a um aumento de 1,5 vezes o risco de infarto periprocedimento (p < 0,0001). Isso é exatamente o contrário do esperado já que o objetivo principal dos filtros deveria ser prevenir o “no reflow” e o conseguinte infarto. Eis aqui o motivo de todas as perguntas e a razão para continuar investigando.

 

O CathPCI Registry tem o maior número de pacientes e poderia ter enviesado por si só os resultados desta metanálise. É por isso que na análise de sensibilidade se excluiu o mencionado trabalho, observando-se uma clara homogeneidade de todos os eventos.

 

Título original: Outcomes of Saphenous Vein Graft Intervention With and Without Embolic Protection Device. A Comprehensive Review and Meta-Analysis.

Referência: Timir K. Paul et al. Circ Cardiovasc Interv. 2017 Dec;10(12).


Subscribe to our weekly newsletter

Get the latest scientific articles on interventional cardiology

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Anticoagulantes orais de ação direta para trombo ventricular pós-SCACEST

Embora a incidência de trombos intracavitários após um infarto agudo do miocárdio (IAM) tenha se reduzido graças à otimização dos tempos na angioplastia primária,...

Subanálise do Estudo FAVOR III Europa: diferir a revascularização coronariana segundo o QFR comparado com o FFR

Nas lesões coronarianas intermediárias é recomendável a avaliação funcional para embasar a tomada de decisões sobre a revascularização. Atualmente são utilizados diversos índices, como...

ROUTE TRAIL: DKCRUSH vs. DKRUSH Culotte em bifurcações que não são do TCE

As lesões em bifurcações coronarianas representam um desafio técnico frequente, constituindo entre 15% e 20% dos casos. Embora a técnica de stent provisional seja...

TENDERA: Comparação de oclusão radial entre acesso distal e convencional para intervenções coronarianas

O acesso radial (TRA) se consolidou como o método mais seguro para as intervenções percutâneas, sendo respaldado por dados sólidos que o comparam favoravelmente...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Tendências no tratamento da isquemia crítica de membros inferiores

Aproximadamente 25% dos pacientes com isquemia crítica de membros inferiores (ICMI) enfrentam uma amputação dentro do primeiro ano após o diagnóstico (segundo estatísticas dos...

Tratamento percutâneo da insuficiência tricúspide com o sistema K-CLIP

Aproximadamente 4% da população adulta apresenta insuficiência tricúspide (IT), uma doença que pode progredir a insuficiência severa ou maior, associando-se com hospitalizações e maior...

23 de janeiro – Webinar SOLACI Medtronic: Visualização de diferentes técnicas de ICP para bifurcações sob uma perspectiva totalmente diferente

Está chegando um novo evento educacional virtual organizado pela Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista com o apoio da Medtronic. Desta vez, realizaremos um evento de...