Fundamentos e objetivos: A reserva de fluxo fracionada (FFR) Invasiva é uma ferramenta bem validada e reprodutível para a detecção de lesão causadora de isquemia. Em pacientes com doença multiarterial uma estratégia PCI FFR-dirigida é associada a melhores resultados clínicos em comparação à PCI angiografia- dirigida. No estudo prévio RIPCORD, quando a FFR invasiva estava disponível, o tratamento era alterado em 26% dos casos quando comparada à avaliação angiográfica sozinha devido a uma disparidade entre as análises angio- e FFR-guiadas. A FFR derivada da tomografia computadorizada (FFRCT) é uma técnica de diagnóstico que permite a derivação do FFR a partir de dados brutos adquiridos durante a angiografia coronária obtida pela CT. Estudos anteriores demonstraram excelente acurácia diagnóstica para este teste. Até agora, porém, não havia dados para comparar a gestão de pacientes com angina estável usando angio-CT sozinha comparada à FFRCT.
A hipótese deste estudo foi que, na avaliação de pacientes com dor torácica estável, a disponibilidade de FFRCT não-invasiva, além da anatomia coronariana da angio-CT, levaria a uma alteração substancial na interpretação das lesões e que isso iria, por conseguinte, conduzir a uma mudança no plano de manejo terapêutico de um modo semelhante ao observado no estudo RIPCORD.
O endpoint primário foi a diferença entre a mudança do plano terapêutico com base na interpretação da angio-CT isoladamente em comparação à FFRCT não-invasiva. Os endpoints secundários foram: 1. a correlação entre vasos com lesões rotuladas como “significativas” com base na interpretação da angio-CT sozinha contra os dados da FFRCT não-invasiva; 2. comparação entre artérias coronárias marcadas como alvos para a revascularização com base na angiografia CT isoladamente em comparação à FFRCT.
Três cardiologistas intervencionistas (ICs) experientes avaliaram 200 casos consecutivos de angina estável recrutados para o estudo de FFRCT. Em cada caso, os ICs, após a avaliação da angio-CT, informaram o grau de estenoses nas coronárias e, em seguida, por consenso, chegaram a um plano de gestão com base na anatomia, usando quatro opções:(1) a terapia médica otimizada (OMT); (2) PCI + OMT; (3) revascularização cirúrgica do miocárdio + OMT; (4) mais informação necessária (ou seja, o que significa ser necessária FFR invasiva). Dados de FFRCT para cada caso foram então revelado e os ICs descreveram novamente quais vasos tinham lesões significativas e fizeram um segundo plano de gestão terapêutica com base nestes dados.
No geral, houve uma mudança na gestão em 72 (36%) dos casos. Em 16 casos (18%) de PCI angio-guiadas selecionados para o traamento por PCI tiveram a conduta modificada após a FFRCT.
Conclusões: Este estudo demonstrou uma discordância entre a avaliação angiográfica pela CT em relação à gravidade da lesão e da estimativa de isquemia pela FFRCT. A adição dos dados da FFRCT à angiotomografia sozinha levou a uma mudança na gestão em 36% dos casos. Estes resultados são consistentes aos do estudo invasivo RIPCORD. Se este resultado for confirmado em ensaios em larga escala, isto sugere que a FFRCT não-invasiva pode vir a ser utilizada como uma ferramenta clinicamente relevante, que mimetiza a capacidade bem descrita da FFR invasiva para refinar as decisões sobre a gestão de pacientes com angina. Isso teria implicações importantes para a prática clínica rotineira.
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N. Curzen
2015-05-19
Título original: The FFRCT RIPCORD Study: Does the routine availability of computer tomography (CT)-derived fractional flow reserve (FFRCT) influence management strategy of patients with stable chest pain compared to CT angiography alone?