Impacto da doença iliofemoral nos resultados clínicos após o TAVI. Validação do escore HOSTILE

Na atualidade, o implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) demonstrou ser seguro e eficaz para o tratamento da estenose aórtica severa sintomática em pacientes de alto risco cirúrgico. Além disso, seu uso está se expandindo aos pacientes com risco intermediário e baixo. No entanto, as complicações vasculares continuam sendo as mais frequentes no TAVI por acesso transfemoral. Por tal razão, é crucial uma adequada avaliação anatômica da árvore iliofemoral. 

Acceso retrógrado mediante la arteria tibial para el tratamiento de oclusiones en territorio femoropoplíteo: ¿es una estrategia segura?

Recentemente foi desenvolvido um escore chamado HOSTILE, com a finalidade de quantificar a aterosclerose e avaliar o risco de complicações em pacientes com doença arterial periférica que são submetidos a TAVI. Dito escore integra tanto a extensão (número de lesões, comprimento das mesmas e diâmetro mínimo do lúmen) quanto a complexidade (tortuosidade, calcificação e obstrução) da árvore arterial iliofemoral. 

O objetivo deste registro prospectivo foi validar o escore HOSTILE como preditor de complicações vasculares após o TAVI. Dos 2023 pacientes que foram submetidos a TAVI transfemoral entre março de 2014 e junho de 2022, 106 (5,2%) apresentaram complicações vasculares no sítio da punção e 28 (1,4%) sofreram complicações fora do sítio de punção. A idade média dos pacientes foi de 81 anos, com um escore STS médio de 3,5. 49,1% dos participantes eram mulheres. Na maioria dos casos, foram utilizadas válvulas expansíveis por balão, sendo o dispositivo de oclusão percutânea mais empregado o ProGlide. 

O escore HOSTILE foi significativamente maior nos pacientes que apresentaram complicações vasculares do que naqueles que não as apresentaram (p < 0,001). Um índice de massa corporal mais alto (OR: 1,23; IC 95%: 1,04-1,50) e o uso dos dispositivos Prostar (OR: 6,03; IC 95%: 2,23-16,30) ou MANTA (OR: 6,18; IC 95%: 2,67-14,27) em comparação com o ProGlide, foram preditores independentes de complicações no sítio de punção. Por outro lado, os escores HOSTILE mais elevados (OR: 1,91; IC 95%: 1,55-2,35) e o sexo feminino (OR: 2,69; IC 95%: 1,12-6,42) se associaram com um maior risco de complicações vasculares fora do sítio de punção. 

Leia também: Resultados do subestudo PROSPECT II: Relação entre a placa rica em lipídios, dentro do stent ou em suas bordas e eventos adversos clínicos depois de uma ATC em pacientes com IAM.

A área abaixo da curva (AUC) para predizer complicações vasculares no sítio de punção foi de 0,554, ao passo que para as complicações fora do sítio de punção foi de 0,829.

Conclusão

O escore HOSTILE é útil para predizer complicações vasculares fora do sítio de punção após o TAVI. É necessário utilizar um enfoque integral para reduzir ainda mais as complicações vasculares associadas com o acesso depois do procedimento. 

Título Original: Impact of Severity and Extent of Iliofemoral Atherosclerosis on Clinical Outcomes in Patients Undergoing TAVR.

Referência: Masaaki Nakas MD et al JACC Cardiovasc Interv 2024.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Dr. Andrés Rodríguez
Dr. Andrés Rodríguez
Membro do Conselho Editorial da solaci.org

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...