É preciso mais paciência ao implantar os stents

Título original: Duration of Balloon Inflation for Optimal Stent Deployment: Five Seconds Is Not Enough. Referência: Thomas Hovasse et al. Catheterization and Cardiovascular Interventions 81:446–453 (2013).

 

Uma adequada expansão e posicionamento do stent na parede do vaso é fundamental para aperfeiçoar os resultados de uma angioplastia coronariana (ATC). 

Se o acima não é adequado, aumenta o risco de trombose e de reestenose tanto para os stents convencionais como para os medicamentosos. Atualmente não há recomendações sobre quanto é o tempo necessário de insuflação do balão para o implante correto de um stent. A ultrassonografia intravascular (IVUS) é a técnica preferencial para determinar o implante correto do stent; no entanto, não é possível usá-lo para determinar o efeito da duração do enchimento sobre a expansão do stent.

O StentBoost (Philips Medical Systems, Best, Países Baixos) correlaciona-se bem com o IVUS e é superior à angiografia convencional. O objetivo desse estudo foi avaliar a relação entre a duração da insuflação do balão ao liberar o stent e a expansão deste utilizando o StentBoost. Foram incluídos 104 pacientes consecutivos submetidos a ATC em lesões de novo e foi medida a expansão do stent em 5, 15 e 25 segundos com StentBoost. Os stents utilizados foram Cypher (54%), Xience V (30,6%) e Taxus Liberté (15,3%).

A duração da insuflação influiu significativamente na expansão do stent. Após 5 segundos o diâmetro mínimo foi de 2.6±0,51 mm, incrementando-se para 2,76±0,51 após 15 segundos (p<0,0001) e chegando até 2,82±0,52 mm após 25 segundos (p<0,0001). Apesar disto, 29,3% ainda precisaram de dilatação posterior. Aplicando os critérios do MUSIC (Multicenter ultrasound stenting in coronaries) a proporção de stents subexpandidos diminui gradualmente de 31,3% com 5 segundos de insuflação para 3,3% com 15 segundos e, finalmente, 2% com 25 segundos (p<0,0001).

Conclusão: 

O tempo de insuflação do balão durante a liberação do stent teve um impacto significativo sobre a expansão do stent. Os autores recomendam insuflar por pelo menos 25 segundos na prática diária.

Comentário editorial:

Embora não tenha sido realizado IVUS, que é o padrão-ouro para avaliar a correta expansão e posicionamento de um stent, há evidência de que a avaliação com StentBoost tem uma correlação aceitável. Estas tecnologias muitas vezes estão disponíveis na sala de cateterismos e, no entanto, são subutilizadas em razão do tempo. Devemos recuperar um pouco da paciência que tínhamos na época da angioplastia com balão para obter uma melhor expansão e posicionamento na ocasião do stent.

SOLACI.ORG

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Impacto da pós-dilatação com balão na durabilidade a longo prazo das biopróteses após o TAVI

A pós-dilatação com balão (BPD) durante o implante percutâneo da válvula aórtica (TAVI) permite otimizar a expansão da prótese e reduzir a insuficiência aórtica...

TAVI em insuficiência aórtica nativa pura: são realmente superiores os dispositivos dedicados?

Esta metanálise sistemática avaliou a eficácia e a segurança do implante percutâneo da valva aórtica em pacientes com insuficiência aórtica nativa pura. O desenvolvimento...

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...