A otimização do monitoramento hemodinâmico diminui a insuficiência renal na angioplastia carotídea.

Título original: Acute kidney Injury in Patients UIT Chronic Kidney Disease Undergoing Internal Carotid Artery Stent Implantation.
Referência: Michael Donahue, et al J Am Coll Cardiol Interv 2015;8:1506-14

A insuficiência renal aguda (IRA) pós-procedimento em pacientes com insuficiência renal prévia sempre esteve relacionada com eventos maiores; mas ainda não há certezas sobre os fatores que a geram.

Este trabalho analisou 126 pacientes que apresentavam filtração glomerular < 60ml/min./1,73 m2 , nos quais se realizou angioplastia carotídea.
Considerou-se IRA um aumento da creatinina ≥ 0,3 mg/dl a 48 horas do procedimento ou a necessidade de diálise.

Realizou-se proteção renal prévia ao procedimento com hidratação e N-acetilcisteína se a filtração glomerular se encontrava entre 30 e 59 ml/min./1,73 m2 ou com hidratação, N-acetilcisteína mais RenalGuard se era < 30ml/min./1,73 m2.

Definiu-se como depressão hemodinâmica uma tensão arterial sistólica < 90 mmHg ou uma frequência cardíaca < 60 batidas/min. durante as primeiras 24 h.

Vinte e seis pacientes (20,6%) apresentaram IRA. Neste grupo houve mais homens, mais tabagistas ativos, anêmicos e requereram mais frequentemente pré-dilatação e diâmetros de stent maiores. A quantidade de contraste iodado foi similar à dos que não apresentaram falência renal.
A depressão hemodinâmica e o tempo de duração da mesma foram maiores no grupo com falência da função renal (65% vs. 35% OR 3,50; IC 95% 1,42 a 8,68; p = 0,005).

Houve uma correlação positiva significativa entre o tempo de depressão hemodinâmica e o aumento de creatinina sérica (p < 0,001). O limiar para o desenvolvimento de falência renal foi de 2,5 minutos (54% de sensitividade e 82% de especificidade).

Na evolução hospitalar e a 30 dias observou-se maior mortalidade no grupo que manifestou falência da função renal (3 de 26 [11,5%] vs. 2 de 100 [2%]; p = 0,0026). Não houve diferença em AVC nem em sangramento maior.

Conclusão
A insuficiência renal aguda em pacientes com insuficiência crônica que recebem angioplastia carotídea está majoritariamente associada a uma depressão hemodinâmica transitória (hipotensão e bradicardia) periprocedimento e se associa a maior mortalidade a 30 dias.

Comentário editorial
A insuficiência renal aguda é frequente e se relacionou basicamente ao manejo hemodinâmico durante o procedimento. A hipotensão e a bradicardia foram maiores nas lesões que comprometiam o bulbo carotídeo. Manter uma frequência cardíaca e tensão arterial adequadas durante o procedimento utilizando atropina e/ou vasopressores ajuda a diminuir a mortalidade em pacientes com insuficiência renal crônica que recebem angioplastia carotídea.

Gentileza do Dr. Carlos Fava
Cardiologista Intervencionista
Fundación Favaloro – Argentina

Mais artigos deste autor

Novo Sistema para a ATP carotídea, all in one

A angioplastia carotídea (CAS) é equivalente à endarterectomia carotídea (CEA) em termos de eventos adversos maiores (morte, IAM e AVC). No entanto, associa-se a...

Estudo PERFORMANCE II: segurança e eficácia do novo sistema de stent carotídeo NeuroGuard

O tratamento percutâneo da doença carotídea mediante o implante de stents (CAS) para a prevenção da doença vascular cerebral demonstrou ser uma alternativa efetiva...

Tendências no tratamento da isquemia crítica de membros inferiores

Aproximadamente 25% dos pacientes com isquemia crítica de membros inferiores (ICMI) enfrentam uma amputação dentro do primeiro ano após o diagnóstico (segundo estatísticas dos...

Tratamento endovascular da doença iliofemoral para melhorar a insuficiência cardíaca com FEJ preservada

A doença arterial periférica (EAP) é um fator de risco relevante no desenvolvimento de doenças de difícil tratamento, como a insuficiência cardíaca com fração...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Subestudo FLAVOUR trial: FFR ou IVUS na avaliação de pacientes diabéticos

Os pacientes com diabetes (DBT) costumam apresentar uma doença coronariana mais complexa em comparação com os não diabéticos, com maior prevalência de doença coronariana...

O TAVI apresenta maior mismatch protético em valvas bicúspides?

 A indicação de TAVI está se expandindo fortemente entre pacientes mais jovens e de baixo risco.  A presença de valva aórtica bicúspide (BAV) é observada...

ROLLER COASTR-EPIC22: comparação de técnicas de modificação de placa em lesões coronarianas severamente calcificadas

A presença de cálcio nas coronárias limita significativamente o sucesso das angioplastias coronarianas (PCI), sobretudo devido a uma expansão subótima do stent, o que...