Que pacientes com baixo fluxo e baixo gradiente se beneficiam com a substituição valvar?

Um gradiente médio durante o estresse com dobutamina ≥ 40 mmHg, uma área valvar durante o estresse ≤ 1cm² ou a combinação de ambas só pode ser corretamente classificados como estenose aórtica severa em aproximadamente a metade dos pacientes. A outra metade, em realidade, são pseudoestenoses.

¿Qué pacientes con bajo flujo y bajo gradiente se benefician del recambio valvular? Ao contrário, a área valvar projetada ≤ 1cm² é muito melhor que os marcadores anteriores diagnosticando corretamente 70% dos pacientes (embora ainda esteja longe de ser o ideal).

Os guias da ACC/AHA consideram que os pacientes têm uma verdadeira estenose aórtica quando o gradiente médio é ≥ 40 mmHg e a área valvar ≤ 1cm² durante o estresse com dobutamina. No entanto, dito critério não foi previamente validado e neste momento temos maior necessidade de classificar corretamente os pacientes dada a possibilidade de realizar a substituição de forma percutânea.


Leia também: TAVI em estenose aórtica de gradiente e fluxo baixos, e deterioro severo da função sistólica.


Antes do surgimento do TAVI, diagnosticar corretamente os pacientes com baixo fluxo e baixo gradiente era muitas vezes uma questão acadêmica, já que a maioria deles não podiam afrontar o risco de uma cirurgia convencional.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade dos critérios para predizer quais são os pacientes têm uma verdadeira estenose aórtica severa no contexto de apresentarem baixo fluxo e baixo gradiente, e além disso avaliar o prognóstico.

Foram incluídos prospectivamente 186 pacientes com deterioro da função ventricular e estenose aórtica severa com baixo fluxo e baixo gradiente avaliados com ecocardiograma estresse com dobutamina. Foram feitas medições do gradiente médio, da área valvar e da área valvar projetada, que é uma estimação da área valvar com um fluxo padronizado normal. A severidade real da estenose foi corroborada de maneira independente com a avaliação macroscópica no momento do implante valvar em 54 pacientes, por medições com tomografia multicorte em 25 pacientes e por ambos os métodos em 8 pacientes. De acordo com estes últimos parâmetros somente 50 dos 87 pacientes (57%) tinham uma estenose aórtica verdadeira.


Leia também: A estenose aórtica com baixo gradiente não melhora com TAVI.


Um gradiente médio durante o estresse com dobutamina ≥ 40 mmHg, uma área valvar durante o estresse ≤ 1cm² ou a combinação de ambos classificou corretamente 48%, 60% e 47% dos pacientes, respectivamente. Por outro lado, a área projetada ≤ 1cm² classificou corretamente 70% da população, tendo apresentado maior precisão que os outros parâmetros (p < 0,007).

Oitenta e oito pacientes (47% da população) foram manejados de forma conservadora. Dentre eles, 52 faleceram em seguimento de 2,8 ± 2,5 anos.


Leia também: ACC 2018 | A vacina da gripe reduz mortalidade de hospitalizações em insuficiência cardíaca.


Após a realização do ajuste por idade, sexo, capacidade funcional, falha renal, etc., tanto o gradiente quanto a área durante o estresse não foram preditores de mortalidade nesta população. Ao contrário, a área valvar projetada foi um preditor poderoso de mortalidade naqueles pacientes manejados de forma conservadora (HR 3,65; p = 0,0003).

Conclusão

Os parâmetros sugeridos pelos guias para identificar os pacientes com estenose aórtica severa com baixo fluxo e baixo gradiente têm uma capacidade limitada tanto para selecionar corretamente os pacientes com verdadeira estenose aórtica quanto para predizer seu prognóstico.

A área valvar projetada distingue melhor a estenose verdadeira da pseudoestenose e se associa em grande medida com a mortalidade quando os pacientes são manejados de forma conservadora.

Título original: Dobutamine Stress Echocardiography for Management of Low-Flow, Low-Gradient Aortic Stenosis.

Referência: Mohamed-Salah Annabi et al. J Am Coll Cardiol 2018;71:475–85.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Subexpansão da ACURATE Neo2: prevalência e implicações clínicas

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI), para além de ter demonstrado benefícios clínicos sustentáveis em diversas populações de pacientes, ainda enfrenta alguns desafios...

Gradientes pós-TAVI e as consequências de sua mensuração: são equiparáveis a medição invasiva e a ecográfica?

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) é considerado o tratamento de escolha em uma porcentagem significativa de pacientes com estenose aórtica sintomática. Seus...

Implante valvar percutâneo da valva tricúspide. Lux-Valve

A insuficiência tricúspide (IT) é uma entidade que se associa a uma má qualidade de vida, frequentes hospitalizações por insuficiência cardíaca e um aumento...

TAVI em anel pequeno: que válvula devemos utilizar?

Um dos principais desafios na estenose aórtica severa são os pacientes que apresentam anéis valvares pequenos, definidos por uma área ≤ 430 mm². Esta...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...

Subexpansão da ACURATE Neo2: prevalência e implicações clínicas

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI), para além de ter demonstrado benefícios clínicos sustentáveis em diversas populações de pacientes, ainda enfrenta alguns desafios...

Jejum vs. não jejum antes de procedimentos cardiovasculares percutâneos

Embora em 2017 as diretrizes da Sociedade Americana de Anestesiologistas tenham sido atualizadas para permitir a ingestão de líquidos claros até duas horas e...