Tomografia multicorte para estratificar dor precordial de baixo risco. Menor custo e maior revascularização

Título original: Outcomes After Coronary Computed Tomography Angiography in the Emergency Department. A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized, Controlled Trials. Referência: Edward Hulten et al. J Am Coll Cardiol 2013. Article in press

O dor de peito é a segunda causa mais frequente de consulta a um Setor de Emergências. De todas as consultas, apenas uma minoria é, de fato, síndrome coronariana aguda, portanto várias estratégias foram testadas para melhorar a eficácia e diminuir os custos. A maioria dos centros opta por internar os pacientes no hospital ou em uma Unidade de Dor Torácica, o que evita a alta não deliberada de um paciente passando por uma síndrome coronariana aguda, mas consome tempo, prolonga a permanência e aumenta os custos.

O objetivo desta meta-análise foi avaliar os estudos randomizados que compararam a utilização de cardiografia por tomografia multicorte em comparação com a estratégia padrão para realizar a estratificação de risco de dor precordial no setor de emergências. Foram analisados 4 estudos randomizados com um total de 3.266 pacientes (1.869 pacientes no ramo tomografia e 1.397 estratégia padrão) que fizeram consulta por dor precordial de baixo risco (eletrocardiograma sem alterações isquêmicas e marcadores biológicos negativos). As características basais foram iguais entre os grupos.

Os pacientes do ramo tomografia foram remetidos mais frequentemente a cateterismo (8,4% em contraste com 6,3%, p=0.030) e receberam mais frequentemente revascularização seja por angioplastia ou cirurgia (4,6% em contraste com 2,6%, p=0,004). O incremento absoluto foi de 21 cateterismos diagnósticos e 20 procedimentos de revascularização para cada 1.000 pacientes. Todos os estudos relataram uma diminuição significativa da permanência hospitalar e dos custos com o uso da tomografia.

Conclusão:

A estratificação do dor precordial de baixo risco no setor de emergências com tomografia multicorte foi seguro reduzindo os custos e a permanência hospitalar. Esteve associado com um aumento da incidência de cateterismos e revascularização comparado com a estratégia padrão.

Comentário editorial: 

A baixa incidente de eventos em ambos os grupos (nenhuma morte e muito poucos infartos) impede de tirar conclusões sobre desfechos clínicos. Serão necessários estudos muito maiores, devido ao baixo risco da população, para saber se a tomografia e a consequente maior revascularização diminuem eventos. Além do supradito, o fato de mostrar ser uma estratégia segura com menor custo justifica a sua utilização.

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