Título original: 5-Year Outcome After Aortic Valve Implantation Referência: Stefan Toggweiler, et al. J Am Coll Cardiol 2013;61:413–9
O implante valvar aórtico percutâneo (TAVI) é hoje uma estratégia válida, sabendo-se a sua evolução no curto e médio prazos, mas não se dispondo de informação suficiente no longo prazo.
O objetivo deste estudo foi analisar a evolução clínica e hemodinâmica em 5 anos. Entre janeiro de 2005 e março de 2007, 111 pacientes receberam a válvula balão expansível Cribier-Edwards e SAPIEN (Edwards Lifesciences, Irvine, Califórnia). Este grupo representa a primeira experiência em humanos com a válvula em pacientes realmente inoperáveis, portanto muitos passos do procedimento não estavam padronizados e a mortalidade periprocedimento foi relativamente alta. Os pacientes com implante malsucedido ou que faleceram dentro dos 30 dias foram excluídos, ficando 88 pacientes para a análise em longo prazo.
O acesso foi transfemural em 73% e transapical nos demais. A sobrevivência média após TAVI foi de 3.4 anos (95% CI: 2.5-4.4) e a sobrevivência de 1 a 5 anos foi de 83%, 74%, 53%, 42% e 35% respectivamente.
Na análise multivariada, a doença pulmonar obstrutiva crônica (HR 2.17; 95% CI:) 1.18-3.70) e a regurgitação paravalvular pelo menos moderada (HR 2.98; CI: 1.44-6.17) foram associadas com o aumento da mortalidade.
A área valvular aórtica aumentou de uma média basal de 0.62±0.17 cm² para uma média de 1.67± 0.41 cm² após TAVI imediato e foi de 1.4±0.25 cm2 em 5 anos, diminuindo 0.06 cm2/ano (p<0.01). O gradiente médio foi aumentando ao longo do tempo a uma taxa de 0.27 mmHg/ano (p=0.06) sem diferenças entre as válvulas utilizadas. A insuficiência aórtica paravalvular pelo menos moderada foi de 11,4% após TAVI imediato, diminuindo para 5.7% ao ano e chegando a 0% em 3 anos.
Nenhum paciente apresentou estenose aórtica ou insuficiência aórtica grave na evolução e apenas um paciente apresentou endocardite, tendo sido realizada substituição valvular aórtica com evolução favorável. A regurgitação mitral anterior de moderada para grave foi de 48%, tendo melhorado para 26% no acompanhamento.
Em 5 anos, a insuficiência cardíaca CF III-IV foi de 5% e a fração de ejeção de 56%.
Conclusão
A evolução clínica em 5 anos após implante bem-sucedido de TAVI foi favorável, bem como os resultados hemodinâmicos, com apenas 3.4% de disfunção moderada da válvula. Nenhum paciente desenvolveu estenose ou insuficiência grave.
Comentário editorial
A evolução do TAVI em 5 anos é favorável, levando-se em conta o alto risco dos pacientes tratados, que sem essa estratégia teriam em torno de 50% de mortalidade ao ano. A doença pulmonar obstrutiva crônica e a insuficiência paravalvular pelo menos moderada foram relacionadas com menor sobrevivência. Não foi observada falha da válvula implantada, com melhora dos parâmetros hemodinâmicos e da qualidade de vida.
Cortesia Dr Carlos Fava.
Cardiologista Intervencionista.
Fundação Favaloro. Argentina.
Dr. Carlos Fava para SOLACI.ORG