Angioplastia venosa na esclerose múltipla

Título original: Disability caused by multiple sclerosis is associated with the number of extra cranial venous stenoses: possible improvement by venous angioplasty. Results of a prospective study. Referência: M Denislic et al. Phlebology, doi: 10.1258/phleb.2012.012065.

A esclerose múltipla (EM) é considerada uma doença inflamatória crônica progressiva imunomediada que causa a desmielinização do sistema nervoso central (SNC). 

A principal causa da doença é ainda continua em debate e este estudo incorpora a hipótese vascular. A dificuldade na drenagem venosa é conhecida como insuficiência venosa cerebrospinal crônica (estenoses múltiplas em veias extracranianas).

O objetivo primário deste estudo foi aberto foi o de detectar a ocorrência de obstrução nas veias extracranianas (jugulares internas ou ázigos) e relacionar o padrão de obstrução e no curso clínico da deficiência de EM. Foram avaliados 94 pacientes com diagnóstico confirmado de EM que foram classificados em três estágios da doença: recaídas/remissões (RR), secundariamente progressiva (SP) e primariamente progressiva (PP). O grau de incapacidade foi avaliado com a escala de estado de invalidez expandida. Todos os pacientes satisfaziam pelo menos dois critérios de insuficiência venosa cerebrospinal crônica avaliada por Doppler intra e extracraniana.

Sob anestesia local foi realizada flebografia de tanto da jugular interna como da veia ázigo. Em apenas dois pacientes (2,1%) a flebografia não mostrou nenhuma anormalidade. Dos restantes, 33,7% tinham as três veias comprometidas e todos mostraram comprometimento da veia jugular. A lesão>50% foi motivo de angioplastia com balão. O diâmetro dos bolões usados começou em 6 mm para veia ázigo e em 7-8 mm para a jugular. Foi realizado acompanhamento clínico neurológico e com escala de incapacidade.

Em 12 meses, o grupo de pacientes com estágio RR mostrou uma melhoria significativa na incapacidade (p=0,001), em oposição àqueles que se encontravam no estágio progressivo (SP ou PP), que não melhoraram. A reestenose avaliada por Doppler foi de 21,7%.

Conclusão: 

A associação entre o número de lesões nas veias e o grau de incapacidade apoia a hipótese vascular da doença. A angioplastia poderia ser benéfica nos estágios iniciais da doença.

Comentário editorial: 

O número de pacientes foi reduzido, embora dificilmente sejam viáveis estudos maiores devido à prevalência da doença. A hipótese vascular e o tratamento com angioplastia da esclerose múltipla são muito interessantes no contexto das deficiências da atual terapia imunomoduladora. 

http://solaci.org/es/pdfs/esclerosis_multiple.pdf
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