Os sistemas de proteção cerebral durante o implante valvar podem capturar detritos em até 99% dos pacientes. Dentre os detritos capturados, mais da metade são partículas de mais de 1 mm.
As partículas capturadas com a utilização das válvulas Evolut R ou Lotus foram maiores em número e tamanho em comparação com a válvula expansível por balão Sapien. Para além das diferenças entre válvulas, ter o dado de que quase todos os pacientes apresentam algum tipo de detrito não dá o respaldo para o eventual uso universal dos mecanismos de proteção cerebral durante o TAVI.
Outros estudos não tinham discorrido sobre a falta de fatores de risco que poderiam predizer que pacientes se beneficiariam mais dos sistemas de proteção e, pelo fato de não ser possível selecioná-los corretamente, só nos restava utilizá-los em todos os procedimentos. A relação custo/benefício que isso implica é outro tema que deve ser avaliado separadamente.
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Para este trabalho recentemente publicado no J Am Coll Cardiol Intv em que se utilizou o sistema de proteção cerebral (Claret Medical Sentinel, Santa Clara, Califórnia), buscou-se ver se havia diferenças no número e tamanho dos detritos capturados de acordo com as diferentes válvulas utilizadas. Foram incluídos 246 pacientes dos estudos prospectivos SENTINEL (n = 100) e SENTINERL – H (n = 146). Todos os detritos capturados foram analisados, diferenciando-se o tamanho (≥ 150, ≥ 500 e ≥ 1.000 µm), a quantidade de partículas, a área total de todas as partículas e o máximo tamanho encontrado. As válvulas utilizadas foram a Evolut R (16%), a Lotus (15%), a Sapien 3 (59%) e a Sapien XT (10%).
Observou-se uma maior quantidade de detritos relacionados ao leito vascular (tecido valvar, parede mitral, calcificação naqueles que receberam a válvula Evolut R em comparação com a Sapien 3). Além disso, todas as válvulas mostraram ao menos uma partícula de 1 mm. As partículas grandes (≥ 500 e ≥ 1000 µm) foram significativamente mais frequentes com a Evolut R e na Sapien 3. As partículas ≥ 1000 µm foram mais frequentes com a Lotus.
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As válvulas autoexpansíveis apresentaram maior quantidade de partículas, área total de partículas e as partículas maiores que ambos os modeles das expansíveis por balão.
Conclusão
Foram capturados detritos em 99% dos pacientes e em mais da metade deles o tamanho foi de mais de 1 mm. Para além das diferenças no número e no tamanho dos detritos entre as diferentes válvulas, o achado universal dos mesmos poderia respaldar o uso de dispositivos de proteção cerebral em todos os pacientes que recebem TAVI.
Título original: Debris Heterogeneity Across Different Valve Types Captured by a Cerebral Protection System During Transcatheter Aortic Valve Replacement.
Referência: Tobias Schmidt et al. J Am Coll Cardiol Intv 2018;11:1262–73.
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