Este trabalho coloca ênfase na necessidade de sermos conservadores com os endoleaks tipo 2 e também na relevância de que seja gerada informação prospectiva de longo prazo para conhecermos as vantagens da intervenção.
A presença de leaks tipo 2 se associa com reintervenções, já que historicamente se considerou que estes aumentam o risco de ruptura do saco. No entanto, este trabalho publicado no Eur J Vasc Endovasc Surg sugere que não existem diferenças em termos de mortalidade após mais de 10 anos de seguimento entre os pacientes que foram submetidos a reintervenção e os que foram manejados de maneira conservadora.
Esta coorte retrospectiva de vários centros da Holanda incluiu todos os pacientes que foram submetidos a reparação endovascular para um aneurisma de aorta abdominal infrarrenal entre 2007 e 2012.
O desfecho primário foi a sobrevida dos pacientes com endoleak tipo 2 em comparação com aqueles sem endoleak. Entre os desfechos secundários foram definidos o crescimento do saco, a ruptura do aneurisma e as reintervenções.
Dois mil e dezoito pacientes foram incluídos com um seguimento médio de mais de 5 anos e, em alguns casos, o seguimento superou os 10 anos.
Não foram observadas diferenças em termos de mortalidade entre os pacientes com e sem endoleak (n = 388 e n = 1630, respectivamente; p = 0,54). O que é ainda mais importante é o fato de não terem sido observadas diferenças entre os pacientes que foram submetidos a reintervenção e os manejados de maneira conservadora entre os 388 que apresentaram endoleak.
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Observou-se crescimento do saco em 89 pacientes com endoleak, o que motivou o tratamento do mesmo somente na metade do grupo (n = 44, isto é, 49,8%)
Em praticamente todos os pacientes cujo endoleak tipo 2 foi tratado por crescimento do saco (n = 41, o que representa 93,1%) este continuou crescendo e foi deixado sem novas intervenções.
O saco se rompeu em 4 dos 388 pacientes com endoleak tipo 2. Na análise multivariada os preditores de mortalidade foram a idade, o risco cirúrgico e o diâmetro máximo das ilíacas. O mesmo não pode ser dito da presença de endoleak, do crescimento do saco ou da intervenção do endoleak.
Conclusão
Não foram observadas diferenças em termos de sobrevida a longo prazo entre os pacientes com endoleak tipo 2 vs. aqueles sem endoleak. Inclusive os pacientes que foram submetidos a reintervenção não mostraram benefícios vs. aqueles que receberam tratamento conservador. É necessário realizar um estudo prospectivo para definir o prognóstico dos endoleaks tipo 2 e a necessidade de intervir nos mesmos.
PIIS1078588421000678Título original: Type 2 Endoleak With or Without Intervention and Survival After Endovascular Aneurysm Repair.
Referência: Sana Mulay et al. Eur J Vasc Endovasc Surg. 2021 May;61(5):779-786. doi: 10.1016/j.ejvs.2021.01.017.
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