Título Original: Diagnostic Classification of the Instantaneous Wave-Free Ratio Is Equivalent to Fractional Flow Reserve and Is Not Improved With Adenosine Administration. Results of CLARIFY (Classification Accuracy of Pressure-Only Ratios Against Indices Using Flow Study. Referência: Sayan Sen et al. J Am Coll Cardiol 2013;61:1409–20.
A medição do comprometimento funcional das lesões para decidir a revascularização tem provado melhorar os resultados clínicos e diminuir os custos. A pressão intra-coronária distal a uma lesão reflete não somente a severidade da estenose mas também o estado da microcirculação. A reserva fracionada de fluxo (FFR) calcula a relação entre a pressão média distal à estenose e à aorta durante todo o ciclo cardíaco mas para separar os valores da lesão epicárdica dos valores da microcirculação é necessário administrar adenosina. O índice instantâneo no período diastólico “sem ondas” do ciclo cardíaco (iFR) é uma alternativa que no requer adenosina nem nenhum outro vasodilatador, já que neste período a resistência da microcirculação é caracteristicamente estável e mínima.
Analisaram-se 51 estenoses em pacientes que tinham programado a angiografia com a guia de pressão e velocidade de fluxo ComboWire XT (Volcano Corporation, San Diego, California) tanto em repouso como com a administração de adenosina. O iFR foi calculado como a relação entre a pressão distal e proximal no período diastólico livre de ondas. Houve coincidência no diagnóstico entre o iFR e o FFR em 47 das 51 lesões (92.3%) sem que fossem observadas diferenças significativas na área sob a curva ROC (p=0.15). O iFR mostrou um gradiente de pressão transestenótica estatisticamente equivalente ao FFR (iFR 8.2 mmHg vs 12.2 mmHg; p=0.48) resultando um iFR de 0.86 comparável a um FFR de 0.75.
Conclusão:
iFR e FFR resultaram equivalentes para classificar a gravidade das lesões coronárias. A administração de adenosina não melhorou o desempenho diagnóstico do iFR o que indica que este índice pode ser usado como uma alternativa ao FFR sem a necessidade de administrar a droga.
Comentário editorial:
No estudo ADVISE usaram pontos de cortes diferentes resultando um iFR de 0.89 equivalente ao FFR de 0.8. Se bem que a revascularização guiada pela fisiologia demonstrou ser efetiva, a sua adoção na prática clínica tem sido limitada e tal vez uma das razões seja a necessidade de administrar adenosina com a consequente necessidade de um acesso venoso central, de utilizar uma grande quantidade de ampolas para chegar às doses de infusão recomendada, do custo das mesmas e dos frequentes, embora transitórios, efeitos adversos (dispneia, ansiedade, rubor ou bloqueio auriculoventricular). O iFR é bastante mais prático mas sua verdadeira utilidade vai ser determinado em estudos com critérios de avaliação clínicos.
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