Duplo DES em bifurcações, duplo risco de trombose

Título Original: Late Thrombosis After Double Versus Single Drug-Eluting Stent in the Treatment of Coronary Bifurcations A Meta-analysis of Randomized and Observational Studies. Referência: Marco Zimarino et al. J Am Coll Cardiol Intv 2013. Article in press.

Na era dos stents farmacológicos (DES) foram realizados vários estudos randomizados e observacionais tentando achar a melhor estratégia para tratar uma bifurcação. Sendo que a maioria dos estudos individuais não lograram conclusões definitivas, foram realizadas meta análises que lograram associar a técnica de duplo stent farmacológico em um bifurcação com um maior risco de infarto, porém os mecanismos por trás deste risco não estavam claros. A hipótese deste trabalho é que o maior risco de eventos com duplo stent estaria relacionado à maior taxa de trombose. 

Nesta meta análise 12 estudos foram analisados (5 randomizados e 7 observacionais) com um total de 6961 pacientes, dos quais 1868 receberam duplo DES e 5093 apenas um DES para tratar uma lesão em bifurcação. O grupo com duplo DES apresentou um maior risco de trombose comparado com o grupo de um DES (RR 2.31; IC 95%, 1.33 a 4.03). Este aumento significativo do risco de trombose esteve conduzido fundamentalmente pelos estudos observacionais, enquanto os randomizados mostraram só uma tendência nesta mesma direção. 

Observou-se também um maior risco de infarto no grupo duplo stent (RR 1.86; IC 95%, 1.34 a 2.35) e esta diferença significativa se observou em todos os trabalhos. A pesar disso, a mortalidade por qualquer causa foi similar, do mesmo modo que a revascularização do vaso alvo

Conclusão:

O implante rotineiro de dois stents farmacológicos para tratar uma bifurcação está associado com um risco incrementado de infarto de miocárdio comparado com a técnica de um único stent no vaso principal, e stent provisório no vaso acessório. A maior taxa de infarto parece estar relacionada a uma maior trombose. 

Comentário editorial: 

Em bifurcações, como sempre até agora, a conclusão volta a ser ‘menos é mais’. O segundo stent deveria ser sempre implantado levando em conta que estamos duplicando as chances de trombose e também de reestenose. No caso de ser necessário considerar uma agregação plaquetária mais agressiva. 

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