Título original: Comparison of bivalirudin and radial access across a spectrum of preprocedural risk of bleeding in percutaneous coronary intervention: Analysis from the National Cardiovascular Data Registry. Referência: Baklanov DV et al. Circ Cardiovasc Interv. 2013, article in press.
As complicações hemorrágicas estão claramente associadas com aumento da mortalidade e duas das melhores estratégias para diminuir o sangramento na atualidade são o acesso radial e a utilização de bivalirudina. Embora ambas têm suficiente evidência em separado, a combinação tem sido pouco estudada.
Este estudo investigou a relação entre o sítio de acesso, a bivalirudina e o sangramento peri procedimento de 501.017 pacientes incluídos no registro nacional de angioplastias entre os anos 2009 e 2012. Os pacientes que receberam acesso radial e heparina (n=63.037) foram comparados com aqueles que receberam acesso radial e bivalirudina (n=55.188). Os pacientes com acesso femoral e bivalirudina somados a dispositivo de fechamento percutâneo foram considerados como o grupo de referência (n=382.792).
O sangramento global para toda a população foi de 2.59%. Considerando a cada um dos grupos em separado, esta complicação resultou de 2.71% para os pacientes com acesso femoral, 2.5% para o acesso radial com heparina e 1.82% para o acesso radial com bivalirudina (p>0.0001). Não houve diferenças entre os grupos em quanto a morte, infarto peri procedimento ou stroke.
Ao utilizar propensity score para emparelhar as diferenças basais entre os grupos o risco de sangramento resultou significativamente menor na combinação radial e bivalirudina mas não ao comparar radial e heparina com acesso femoral.
A combinação de acesso radial com bivalirudina reduziu todos os tipos de sangramento com um número necessário a tratar (NNT) de 561 nos pacientes de baixo risco, 253 nos de risco intermediário e 68 nos de alto risco.
Conclusão:
Nesta análise observacional, a combinação de bivalirudina e acesso radial foi associada a uma redução significativa do sangramento. Este benefício foi observado em todos os pacientes mais além do risco basal de sangramento.
Comentário editorial:
O acesso radial pode gerar uma sensação de falsa segurança para utilizar inibidores da glicoproteína IIBIIIA e heparina indiscriminadamente em qualquer paciente, mas é preciso lembrar que este acesso reduz somente os sangramentos relacionados à punção, que são aproximadamente a metade do total. Por outro lado, os defensores do acesso femoral poderiam sentir-se seguros de utilizar bivalirudina combinada com dispositivos de fechamento percutâneo, porém, inclusive esta combinação não atinge o acesso radial, e isto sem levar em conta os custos. Provavelmente seja mais racional adotar o acesso radial em todos os pacientes, e reservar a bivalirudina para os de maior risco hemorrágico.
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