Reestenose intrastent, o único subgrupo que se beneficia de mais tempo de dupla antiagregação

Título original: Short vs. Long Term Duration of Dual Antiplatelet Therapy in Patients treated for InstentRestenosis. A PRODIGY Trial substudy. Referência: Gianluca Campo el al. J Am CollCardiol, article in press.

 

No estudo PRODIGY (Prolonging Dual AntiplateletTreatmentAfterGrading Stent-Induced Intimal Hyperplasia) se observou que o regime de 24 meses de dupla antiagregação não foi mais efetivo em reduzir o combinado de morte, infarto ou stroke mas aumentou significativamente o sangramento comparado com o regime de 6 meses.

Os pacientes que recebem um segundo procedimento por apresentar reestenose intrastent são um subgrupo especialmente em risco de complicações isquêmicas pelo que o presente trabalho avaliou se os resultados gerais do PRODIGY são certos também para os pacientes com reestenose intrastent.

O estudo PRODIGY randomizou 1970 pacientes em planejamento de angioplastia a receber 6 meses vs 24 meses de dupla anti agregação com aspirina e clopidogrel. De estes, 96 pacientes apresentavam reestenose no momento da inclusão e outros 128 a desenvolveram durante o decorrer do estudo. Para os que a desenvolveram durante o estudo, o seguimento reiniciou-se no momento da segunda angioplastia por outros 24 meses e foram designados ao mesmo regime que o original.

O desfecho primário foi um combinado de morte de qualquer causa, infarto não fatal ou stroke a 24 meses. O total da população foram 224 pacientes com reestenose intrastent, dos quais 114 receberam 6 meses de dupla antiagregação e 110 receberam 24 meses. Não foram observadas diferenças significativas nas características basais dos dois grupos.

No final do seguimento, 19 pacientes do regime de 6 meses vs 8 pacientes do regime de 24 meses haviam apresentado o desfecho primário (p=0.02). A estimação de eventos por Kaplan-Meier foi de 16.7% para o regime curto vs 7.3% para o regime prolongado (p=0.034).

A maioria dos eventos ocorreram logo dos primeiros 6 meses, quando o grupo de regime curto já havia suspendido o clopidogrel. Analisando cada componente do desfecho primário por separado, observou-se uma menor mortalidade no grupo com 24 meses de dupla antiagregação (3.5% vs 10.5%; p=0.04) e uma tendência a menor infarto (3% vs 8%, p=0.07).

Neste sub estudo as complicações hemorrágicas foram similares entre ambos grupos, ao contrário do resultado global do PRODIGY.

Conclusão: 

Os pacientes que recebem uma nova angioplastia por reestenose intrastent poderiam  se beneficiar de uma administração mais prolongada de aspirina mais clopidogrel.

Comentário editorial

Os resultados deste sub estudo em reestenose intrastent são opostos aos do PRODIGY global tanto em segurança como eficácia. A maior eficácia poderia ser explicada, já que há evidência de que os pacientes com reestenose intrastent têm mais risco de eventos isquêmicos. Sem embargo, é mais difícil de explicar por que as complicações hemorrágicas não seguiram a mesma línea que a do estudo principal.

Dado que não houve um cálculo formal do número de pacientes necessário com reestenose intrastent para mostrar diferenças estes dados deveriam ser somente geradores de hipóteses. Finalmente, o PRODIGY utilizou clopidogrel pelo que estes dados não podem se transferir a outros antiagregantes como prasugrel ou ticagrelor.

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