Título original: Bivalirudin or heparin in primary angioplasty performed through the transradial approach: results from a multicentre registry. Referência: Sciahbasi A et al. Eur Heart J: Acute Cardiovasc Care. Epub ahead of print.
Está demostrado o benefício da bivalirudina em termos de hemorragia, embora quando a angioplastia primária é realizada por acesso radial a informação não seja tão clara. Para ter uma ideia disso, no estudo HORIZONS em apenas 5% dos pacientes ela foi realizada por acesso radial.
Este trabalho avaliou de forma retrospectiva 1009 pacientes que receberam angioplastia primária por acesso radial entre janeiro de 2008 e junho de 2013. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com o uso ou não de bivalirudina. O end point primário do estudo foi hemorragia maior e eventos cardiovasculares maiores em 30 dias.
A critério do operador utilizou-se bivalirudina (n=159) ou heparina mais inibidores da glicoproteína IIBIIIA de forma provisória (n=855). O uso de inibidores da glicoproteína no grupo bivalirudina foi de 4% versus 55% no grupo heparina (p<0,001). As características do procedimento foram similares entre ambos os grupos (tempo porta-balão, número de stents, comprimento total de stent ou uso de tromboaspiração).
Em 30 dias não se observaram diferenças entre os que receberam bivalirudina ou heparina com relação a hemorragia maior (0,65% para bivalirudina versus 1,17% para heparina; p=0,88), hemorragia menor (1,3% versus 1,5% respectivamente; p=0.83) ou eventos cardiovasculares maiores (7,1% versus 10,4% respectivamente; p=0,27). A mortalidade em 30 dias foi de 3,9% no grupo bivalirudina e de 5,4% no grupo heparina (p=0,56).
Conclusão
Neste registro de angioplastia primária por acesso radial, a bivalirudina não demostrou uma redução significativa da hemorragia maior ou dos eventos cardiovasculares maiores comparada com heparina mais inibidores da glicoproteína de forma provisória.
Comentário editorial
A falta de randomização e os relativamente poucos pacientes que receberam bivalirudina (apenas 159 dos 1009) são limitações importantes do estudo.
De forma global, as complicações hemorrágicas foram pouco frequentes, o que se pode explicar pelos 100% de acesso radial. Também pode haver contribuído o uso apenas provisório dos inibidores da glicoproteína no grupo heparina (55%) que está muito abaixo do uso dos mesmos nos estudos randomizados. Cerca de metade das hemorragias não se relacionam ao acesso, sendo que a bivalirudina tem portanto uma importante população a beneficiar, inclusive utilizando o acesso radial. No entanto, o uso deve ser mais seletivo, tendo em conta o risco de hemorragia de cada paciente em particular.
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