O Teste de Allen pode não ser necessário para seleccionar os pacientes elegíveis para o acesso radial

Título original: Trans-Radial Coronary Catheterization and Intervention Across the Whole Spectrum of Allen’s test Results. Referência: Marco Valgimigli et al. J Am Coll Cardiol. 2014. Epub ahead of print.

O acesso radial está associado com uma hipótese de oclusão do mencionado vaso que se encontra entre 0.8% e 30% de acordo com diferentes séries. Dado este facto, foi recomendado historicamente avaliar mediante o Teste de Allen a permeabilidade dos arcos palmares para evitar complicações isquémicas, tendo resultado na exclusão de até 27% dos pacientes que poderiam ter recebido o acesso radial. Se mediante o Teste de Allen não for possível prever ou não, as complicações isquémicas, é controversos e de facto muitos centros em todo o mundo não o estão a realizar.

O estudo RADAR (RADialapproach be deniedtopatientswithnegativeAllen’s test Results) foi concebido para avaliar a segurança do acesso radial em pacientes com o Teste de Allen anormal (>10 segundos) o intermédio (6-10 segundos) em comparação com os do  teste normal (

O desfecho primário que consistia no valor do ácido láctico pós-procedimento não se alterou significativamente entre os três grupos (1.85±0.93 mmol/L Allen normal, 1.85±0.66mmol/L Allen intermédio y 1.97±0.71mmol/L Allen anormal; p=0.59). O mesmo aconteceu com o resto dos cortes no tempo. Foi observado um aumento na ordem dos 20% da concentração de ácido láctico no que diz respeito ao basal imediatamente após libertação da ligadura, embora isto tenha sido independente do Teste de Allen. Um dia após o procedimento, foi observada perda do pulso radial em 5 pacientes (1 deles com Teste de Allen anormal) encontrando-se completamente assintomático e objectivando-se em toda a circulação colateral desde a cubital mediante Doppler.

Conclusão

Este estudo proporciona informação para mudar o paradigma de que um test de Allen normal é um requisito para o acesso radial. Não foram observados sinais clínicos ou subclínicos de isquémia na mão imediatamente após um cateterismo realizado com um Teste de Allen anormal. 

Comentário editorial

Os resultados deste estudo sugerem que a permeabilidade dos arcos palmares é muito dinâmico e existe uma reserva de colaterais que pode ser recrutada após um cateterismo em pacientes com Teste de Allen anormal. Para além de avaliar os sintomas e o nível de ácido láctico (utilizaram um método similar ao de um teste de glicemia), este trabalho realizou um teste de desconforto e um teste de força na mão com dinamómetro concluindo-se que o Teste de Allen não pode prever o resultado de nenhum destes testes. O estudo MATRIX (Minimizing Adverse haemmhorragic events by TRansradial access site and systemic Implementation of angioX) está a recrutar pacientes para responder definitivamente à pergunta sobre se devemos continuar a realizar o Teste de Allen.

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