É seguro aprisionar a femoral profunda ao tratar lesões ostiais da femoral superficial

Título Original: Deployment of Self-Expandable Stents for Complex Proximal Superficial Femoral Artery Lesions Involving the Femoral Bifurcation With Or Without Jailed Deep Femoral Artery. Referência: Masahiro Yamawaki et al. Catheterization and Cardiovascular Interventions 81:1031–1041 (2013).

 

A terapia endovascular para o manejo de oclusões totais nos membros inferiores teve grandes avanços neste último tempo, porém existem segmentos específicos onde ainda surgem perguntas sobre a estratégia. Um exemplo são as lesões ostiais da femoral superficial que comprometem a bifurcação da femoral comum em superficial e profunda. Este segmento tem sido excluído sistematicamente dos estudos randomizados que compararam ao balão vs stent por considerar não adequado aprisionar a femoral profunda, o que deixou a cirurgia como a opção de preferência.

O objetivo deste estudo foi comparar a segurança e eficácia de implantar stents auto expansíveis da femoral comum distal aprisionando a profunda vs implantar o stent somente do óstio da superficial. Definiu-se a bifurcação femoral como o segmento compreendido entre os 10 mm distais da femoral comum aos 10 mm proximais da superficial incluindo o óstio da profunda. Incluíram-se 104 lesões de novo na femoral superficial que envolviam o óstio da profunda; em 60 delas (57.7%) foi implantado o stent da femoral comum distal aprisionando a profunda e em 44 (43.3%) a profunda não foi

Em 12 meses de seguimento a permeabilidade da bifurcação foi significativamente maior em aqueles nos que foi implantado o stent da femoral comum distal aprisionando a profunda (83.3% vs 56.3%, p<0.01). No mesmo período a permeabilidade primária também resultou maior mesmo não tendo atingido a significância. Globalmente a revascularização ao ano motivada pela clínica foi de 34.2% (28.9% percutânea e 5.4% cirúrgica). 

Conclusão:

A permeabilidade da femoral profunda aprisionada por um stent auto expansível implantado da femoral comum distal foi aceitável e esteve associada também com uma maior permeabilidade da bifurcação comparado a implantar o stent somente do óstio da superficial. 

Comentário editorial: 

Para o centro onde o estudo foi realizado do mesmo modo que para as guias o comprometimento da bifurcação femoral continua sendo cirúrgico em vista dos bons resultados da endarterectomia com retalho/ enxerto, pelo que todos os pacientes incluídos tinham contraindicação ou tinham se recusado a fazer a cirurgia. Ao implantar um stent na femoral comum, levar em conta a possibilidade de que o mesmo esteja em local de flexão com suas possíveis consequências (dor, fratura do stent ou trombose). O fato de não cobrir completamente a lesão provavelmente explique a menor permeabilidade de implantar o stent do óstio da superficial. 

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