Gentileza do Dr. Carlos Fava
Existem poucos cenários não analisados após o TAVI. Um deles é a trombose valvar após o implante. Este evento foi relatado em ao redor de 0,5% dos casos, mas realmente não está claro qual é sua real incidência, consequência e tratamento adequado.
Foram analisados 642 pacientes que receberam TAVI, realizou-se seguimento com eco-Doppler e aqueles que apresentaram sintomas ou aumento de gradiente foram submetidos a TAC e ETE.
A trombose foi definida com os critérios de Latib: 1) disfunção valvar: gradiente > 20 mmHg, redução da área valvar < 1,2 cm2 secundária à trombose diagnosticada com um método de imagem (eco ou TAC); 2) massa móvel com suspeita de trombo na valva sem considerar disfunção ou ausência de infecção. Foi considerada aguda (dentro dos 10 dias), subaguda (10 dias a um mês) e tardia (após os 30 dias).
Observou-se trombose em 18 pacientes (2,8%), sem haver diferença entre os grupos. 58,8% dos pacientes receberam dupla antiagregação durante pelo menos 3 meses, enquanto que 40,6% receberam anticoagulação oral mais clopidogrel.
A trombose se apresentou em 181 dias, o gradiente médio e a área foram 34 ± 14 mmHg e 1 ± 0,46 cm2. Foi mais frequente nas valvas balão expansíveis (odds ratio: 3,45; 95% confidence interval: 1,22 a 9,81; p = 0,01) e nas V-in-V (odds ratio: 5,93; 95% confidence interval: 2,01 a 17,51; p = 0,005) e se relacionou com aumento do peptídeo natriurético. Nos pacientes que receberam anticoagulação o aumento foi de 4,8%, o que não ocorreu com os anticoagulados.
Realizou-se tratamento com anticoagulação, obtendo-se melhora dos sintomas, com redução dos gradientes, aumento da área valvar aórtica e diminuição do peptídeo natriurético. Não houve morte relacionada à trombose.
Conclusão:
A trombose clínica no TAVI é mais frequente do que o que era considerado previamente, e é caracterizada por imagens anormais, incremento de gradientes e do peptídeo natriurético. Isso ocorre de modo mais frequente nas valvas balão expansíveis e em V-in-V. A anticoagulação oral parece ser efetiva na prevenção da trombose valvar. São necessários estudos randomizados para definir a terapia antitrombótica ótima.
Comentário
Esta análise retrospectiva mostra que a trombose no mundo real pode ser mais recorrente do que o que se conhece. Portanto, devemos estar muito atentos em busca de dita doença no seguimento de nossos pacientes.
Devem0s agudizar o interrogatório durante o seguimento e os achados no eco-Doppler agindo em consequência se suspeitarmos da presença de trombose valvar.
O positivo na atualidade é que o problema se resolve com anticoagulação e não se relaciona com mortalidade.
O que ainda não está claro é qual é o grupo de risco e a conduta a adotar.
É necessário continuar a investigação e analisar ademais se existe alguma relação com a curva de aprendizagem.
Gentileza do Dr. Carlos Fava
Título original: Clinicval Bioprosthetic Heart Valve Thrombosis After Trancatheter Aortic Valve Replacement. Incidence, Characteristics and Treatment Outcomes
Referência: Jhon Jose, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017;10,686-97
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.