Gentileza do Dr. José Álvarez.
A ablação septal alcoólica (ASA) para o tratamento da miocardiopatia hipertrófica obstrutiva (MHO) é um procedimento introduzido no ano 1995 como alternativa à miomectomia cirúrgica.
Os guias do ACC/AHA sugerem que a ASA deve se reservar a pacientes idosos e com comorbidades, estabelecendo a miomectomia cirúrgica como tratamento padrão em pacientes jovens, especialmente devido ao desconhecimento acerca da evolução de longo prazo da cicatriz septal produzida pela ASA.
Na presente publicação foram avaliados 1.197 pacientes de sete centros europeus submetidos à ASA por MHO. Os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com sua idade: jovens (< 50 anos), de média idade (51 a 64 anos) e idosos (> 65 anos).
A mortalidade em 30 dias e a necessidade de implante de marca-passo foram menores nos pacientes mais jovens que nos do grupo de maior idade (0,3% vs. 2% p = 0,03 e 8% vs. 16% p < 0,001).
Durante um seguimento médio de 5,4 + 4,2 anos, 165 pacientes (14%) faleceram.
A mortalidade anual dos pacientes dos três grupos etários (jovens, média idade e idosos) foi de 1%, 2% e 5%, respectivamente (p < 0,01). Os eventos arrítmicos adversos foram de aproximadamente 1% nos três grupos. Os preditores independentes de mortalidade em pacientes jovens foram a idade, o sexo feminino e o gradiente residual no trato de saída do ventrículo esquerdo. Os pacientes que foram tratados com > 2,5ml de álcool tiveram também maior mortalidade global (0,6% vs. 1,4% por ano; p = 0,03).
95% dos pacientes jovens no seguimento de longo prazo se encontravam em CF I-II.
O número de reintervenções (ASA ou miomectomia cirúrgica) foi similar nos três grupos (11% vs. 10% vs. 7%).
Os autores concluíram que a ablação septal alcoólica em pacientes com MHO foi segura e efetiva para o alívio dos sintomas e propõem que a indicação do procedimento deveria se estender aos pacientes jovens.
Comentário
A presente publicação é, em nosso conhecimento, a maior série publicada até a atualidade sobre pacientes com MHO tratados com ASA. Trata-se de um estudo observacional retrospectivo de sete centros europeus terciários. Os resultados obtidos na população jovem são equivalentes aos da população idosa com menor requerimento de marca-passo definitivo para a primeira. É necessário considerar que, proporcionalmente, a mortalidade relacionada à MHO é maior em pacientes jovens que em idosos, enquanto que a mortalidade não cardíaca tem um comportamento oposto, ainda que sem poder estatístico para tirar conclusões neste particular. É importante ressaltar o achado acerca de que doses superiores a 2,5 ml se associaram a uma maior mortalidade.
Gentileza do Dr. José Álvarez.
Título original: Outcomes of Alcohol Septal Ablation in Younger Patients With Obstructive Hypertrophic Cardiomyopathy.
Refêrencia: Max Liebregts, MD,a Lothar Faber, MD,b Morten K. Jensen, MD,c Pieter A. Vriesendorp, MD, PHD, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017; 10:1134–43.
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