Em termos mundiais são implantados um milhão de marca-passos (MCP) ou desfibriladores implantáveis (CDI), e observou-se que aproximadamente 30% dos casos apresentam disfunção ventricular esquerda (VE), principalmente de tipo sistólico. Dita disfunção é atribuída à assincronia induzida pelo trabalho de marca-passamento do ventrículo direito (VD), o que, por sua vez, ocasiona admissões hospitalares por insuficiência cardíaca (IC) e um aumento nos eventos clínicos adversos.
Para abordar esta problemática, propôs-se melhorar os resultados mediante a atualização ou “upgrade” dos CDI a terapia de ressincronização (CRT-D) através do seio coronariano, com o objetivo de corrigir a assincronia mencionada.
O estudo BUDABEST-CRT Upgrade é o primeiro trabalho que compara a eficiência e segurança da melhora a CRT em comparação com somente CDI em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (Fej ≤ 35% com colocação de CDI ou MCP dentro dos 6 meses prévios), com sintomas de IC e com QRS largo (≥ 150 ms) e com uma elevada carga de marca-passamento (≥ 20%), com tratamento médico ótimo. Foram excluídos os pacientes com dilatação severa do VD, com doença valvar severa, deterioração renal ou aqueles que tivessem sobrevivido a um IAM ou revascularização nos três meses prévios.
O processo de randomização foi levado a cabo em uma proporção de 3 a 2. O desfecho primário (DP) consistiu em uma combinação de eventos, incluindo hospitalização por IC, mortalidade por todas as causas e uma redução no volume de fim de sístole inferior a 15%. Os desfechos secundários abarcaram uma combinação de hospitalização por IC, mortalidade por todas as causas e uma avaliação ecográfica da resposta.
O estudo englobou um total de 360 pacientes provenientes de 17 centros em 7 países. Tais participantes foram designados de maneira aleatória, ficando 215 deles no grupo CRT-D e 145 no grupo CDI. A idade média dos pacientes foi de 72 anos, com 11% de participantes de gênero feminino.
Ao longo de um seguimento que teve uma duração média de 12,4 meses, o DP foi registrado em 32,4% dos pacientes do grupo CRT-D e em 78,9% dos pacientes com CDI unicamente (com um odds ratio ajustado de 0,11; intervalo de confiança de 95%: 0,06-0,19; p < 0,001). A melhora proporcionada pelo CRT-D se manteve constante em todos os subgrupos analisados.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Fonte: Presentado en Hot Line Sessions, agosto 26, ESC Congreess 2023, Amsterdam.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos