A doença coronariana é comum entre os pacientes considerados para implante percutâneo da valva aórtica (TAVI). À medida que a indicação de TAVI foi se estendendo a uma população de menor risco cirúrgico e, consequentemente, mais jovem, observou-se um aumento gradual na incidência de eventos coronarianos. No entanto, os dados são limitados no tocante à estratégia de tratamento e aos resultados em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM) depois do TAVI em comparação com aqueles que não foram submetidos a TAVI.
O propósito deste estudo foi examinar a incidência, o tempo, as características clínicas, o manejo e os resultados do IAM após a TAVI em uma coorte contemporânea (2016-2022). Utilizamos dados da base de dados clínicos Vizient, que abrange mais de 1000 centros dos EUA.
O desfecho primário foi a mortalidade intra-hospitalar. Os desfechos secundários incluíram complicações relacionadas com sangramento, bem como vasculares e acidente vascular cerebral (AVC).
Dos 206.229 pacientes submetidos a TAVI entre 2016 e 2022, 144 foram hospitalizados com IAM com elevação do segmento ST (IAMCEST) e 1321 com IAM sem elevação do segmento ST (IAMSEST), durante um seguimento médio de 925 dias (intervalo interquartílico: 428-1530 dias).
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A incidência de IAMCEST foi de 25 eventos por 100.000 pessoas-ano e a de IAMSEST foi de 229 evento por 100.000 pessoas-ano. O tempo médio desde o implante do TAVI até o IAMCEST foi de 429 dias (intervalo interquartílico: 181-952 dias) e até o IAMSEST foi de 480 dias (intervalo interquartílico: 193-971 dias).
No ramo de comparação, com pacientes sem TAVI prévio, foram incluídos 187.110 e 414.623 pacientes com SCACEST e SCASEST, respectivamente. Observou-se uma maior incidência de SCASEST em pacientes pós-TAVI (90,2% vs. 68,9%; p < 0,001), ao passo que a incidência de SCACEST foi menor (9,8% vs. 31,1%; p < 0,001).
Em linhas gerais, os pacientes pós-TAVI que apresentaram doença coronariana tendiam a ser mais idosos e a possuir uma maior carga de morbidade. Não houve diferenças significativas nas coortes comparadas com SCACEST, tanto em pacientes com quanto sem TAVI prévio, no que se refere ao uso de angiografia (79,2% vs. 69,4%; p = 0,06), angioplastia (63,9% vs. 59,0%; p = 0,40) ou revascularização coronariana (PCI ou CRM; 65,3% vs. 63,9%; p = 0,81).
A mortalidade intra-hospitalar foi maior na população pós-TAVI (27,1% vs. 16,7%; p = 0,03), embora não tenha sido observada diferenças na incidência de sangramento, complicações vasculares ou AVC.
Conclusões
Segundo este registro multicêntrico prospectivo, o IAMCEST pós-TAVI é pouco frequente (o mais frequente é o SCASEST) e ocorre depois de aproximadamente um ano. Ao comparar coortes emparelhadas, não houve diferença significativa em termos de revascularização, tanto com PCI como com CRM, dos eventos coronarianos. No entanto, ao avaliar o desfecho primário de mortalidade intra-hospitalar, foi observada uma diferença significativa.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: National Trends and Outcomes of Acute Myocardial Infarction After Transcatheter Aortic Valve Replacement.
Referência: Gupta T, Zimmer J, Lahoud RN, Murphy HR, Harris AH, Kolte D, Hirashima F, Dauerman HL. National Trends and Outcomes of Acute Myocardial Infarction After Transcatheter Aortic Valve Replacement. JACC Cardiovasc Interv. 2024 Mar 9:S1936-8798(24)00485-0. doi: 10.1016/j.jcin.2024.02.026. Epub ahead of print. PMID: 38530682.
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