Os pacientes com diabetes apresentam até o dobro do risco de desenvolver doença coronariana (DC). Além disso, quando a DC está presente, o risco de mortalidade é maior. Em pacientes com antecedentes de angioplastia coronariana (PCI) há uma tendência à necessidade de nova revascularização, inclusive com o uso de stents de segunda geração. São poucos os estudos existentes na atualidade que avaliam o papel do controle glicêmico na falha do stent, na trombose do stent (TS) e/ou na reestenose intrastent (RIS).
O grupo de Santos-Pardo et al. realizou uma análise retrospectiva, observacional e nacional na Suécia. Foram incluídos pacientes com diagnóstico de diabetes tipo II que tinham sido submetidos a uma PCI com ao menos um stent eluidor de fármacos (DES) de segunda geração para lesões de novo.
O controle glicêmico foi feito mediante hemoglobina glicada (HbA1c), considerando-se entre 6,1% e 7% como os valores de referência.
O desfecho primário (DP) foi a ocorrência de RIS ou TS nos DES de segunda geração implantados durante o período de estudo. Foram excluídos os pacientes com TS dentro dos 30 dias posteriores à PCI, já que estes casos são considerados essencialmente de origem trombótica.
Os desfechos secundários foram os componentes individuais do DP, infarto do miocárdio e mortalidade por todas as causas.
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A coorte completa incluiu 24.411 pacientes, que receberam 29.029 DES. A idade média foi de 68 anos, sendo 74% da população constituída por homens. Os pacientes com HbA1c superior a 7,1% apresentavam maior prevalência de tabagismo, sobrepeso ou antecedentes de dislipidemia, infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal ou cirurgia de revascularização em comparação com aqueles com a HbA1c entre 6% e 7%.
Os pacientes com valores elevados de HbA1c mostraram maior incidência de doença de múltiplos vasos e, frequentemente, eram menos revascularizados de maneira completa no mesmo procedimento.
Durante um seguimento médio de 6,4 anos foram observados um total de 1873 eventos de falha de stent. Os grupos foram estratificados segundo a HbA1c: o subgrupo com ≤ 5,5% teve um HR de 1,10; entre 5,6% e 6%, o HR foi de 1,02; entre 7,1% e 8%, o HR foi de 1,25; entre 8,1% e 9%, o HR foi de 1,3; entre 9,1% e 10%, o HR foi de 1,46; e, finalmente, para HbA1c ≥ 10,1%, o HR foi de 1,31.
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Na coorte ajustada, os pacientes com HbA1c ≥ 7,1% apresentaram um risco aumentado em comparação com os valores de referência (HR 1,28; IC de 95%: 1,16-1,42). O risco relativo de um mal controle glicêmico foi mais pronunciado nos pacientes com menos de 65 anos, sem diferenças significativas entre os dependentes de insulina e os não dependentes de insulina.
No tocante aos desfechos secundários, houve 1159 casos de RIS e 771 casos de TS. O maior risco de RIS foi observado no grupo de HbA1c entre 9,1% e 10% (HR 1,55; IC de 95%: 1,23-1,96); ao avaliar a TS, os grupos com maior risco foram aqueles com HbA1c entre 7,1% e 8% (HR 1,32; IC de 95%: 1,10-1,59).
Em relação à mortalidade, o subgrupo com HbA1c ≥ 10,1% apresentou um maior risco, com um HR de 1,65 (IC de 95%: 1,49-1,84). Não foram observadas diferenças significativas quanto ao risco de IAM entre as diferentes categorias de HbA1c.
Conclusões
Conforme o observado no estudo sueco, o risco de falha do stent aumentou gradualmente com os níveis de HbA1c, principalmente devido à reestenose intrastent, com um aumento progressivo do risco (HR 1,3).
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Glycemic Control and Coronary Stent Failure in Patients With Type 2 Diabetes Mellitus.
Referência: Santos-Pardo I, Andersson Franko M, Lagerqvist B, Ritsinger V, Eliasson B, Witt N, Norhammar A, Nyström T. Glycemic Control and Coronary Stent Failure in Patients With Type 2 Diabetes Mellitus. J Am Coll Cardiol. 2024 May 7:S0735-1097(24)06933-X. doi: 10.1016/j.jacc.2024.04.012. Epub ahead of print. PMID: 38752901.
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