A presença de lesões em múltiplos vasos no infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMST) é frequente. Os guias de revascularização de 2021 da AHA e do ACC indicam como Classe I a revascularização completa diferida (RCD) e como classe 2b a revascularização completa em um único procedimento (RCUP), ao passo que não se recomenda a revascularização do vaso culpado (CV) unicamente.
Contamos, atualmente, com mais estudos randomizados (BIOVASC, FIRE e MULTISTAR) que compararam a RCUP com a RCD, mas ainda não dispomos de informação clara sobre qual é a melhor estratégia.
Foi feita uma metanálise de 16 estudos randomizados que incluíam 11.876 pacientes com IAMST e com infarto agudo do miocárdio sem elevação do segmento ST (IAMNST), que foram submetidos a revascularização do vaso culpado (CV), RCD ou RCUP, excluindo os pacientes com choque cardiogênico.
O desfecho primário (DP) foi a morte cardiovascular e o IAM.
3056 pacientes (25,7%) foram submetidos a RCUP, 4328 (36,4%) a RCD e 4492 (37,8%) a CV. A idade média foi de 65 anos e a maior parte da população esteve composta por homens.
O DP favoreceu a RCUP (odds ratio [OR], 0,52 [95% CI, 0,41–0,65]; OR, 0,74 [95% CI, 0,62–0,88] para RCD e CV, respectivamente), sendo a estratégia de escolha a RCUP, seguida da RCD e por último da CV.
A redução de eventos adversos cardiovasculares maiores (MACE) também favoreceu a RCUP em comparação com as outras estratégias (OR, 0,42 [95% CI, 0,32–0,56]; OR, 0,62 [95% CI, 0,47–0,82] para RCD e CV, respectivamente), bem como a mortalidade por qualquer causa e o IAM (OR, 0,52 [95% CI, 0,40–0,67]; OR, 0,78 [95% CI, 0,67–0,91]), IAM (OR, 0,39 [95% CI, 0,26–0,57]; OR, 0,73 [95% CI, 0,59–0,90]) e a necessidade de revascularizações não planejadas (OR, 0,30 [95% CI, 0,18–0,47]; OR, 0,46 [95% CI, 0,30–0,71]).
Não houve diferenças em termos de mortalidade cardiovascular entre as três estratégias.
Os resultados aqui expostos foram consistentes para IAMST, IAMNST e angina instável.
Conclusão
A revascularização completa em um único procedimento pode oferecer uma maior redução de eventos cardiovasculares em pacientes com infarto agudo do miocárdio e múltiplos vasos. São necessários mais estudos randomizados a grande escala que comparem a revascularização completa em um único procedimento com a revascularização completa em procedimentos diferidos para avaliar o momento ótimo da revascularização completa.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Referência: Muhammad Haisum Maqsood, et al. Circ Cardiovasc Interv. 2024;17:e013737. DOI: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.123.013737.
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