A alta no dia seguinte após o procedimento em pacientes que recebem implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) por acesso femoral pode ser viável sem se associar a maiores complicações em 30 dias ou em um ano comparando-se com aqueles pacientes que permaneceram internados mais dias. É necessário considerar, entretanto, alguns fatores que podem nos ajudar a escolher os pacientes mais adequados para esta modalidade sem resignar absolutamente nada de segurança.
Uma das principais vantagens do TAVI é a recuperação mais rápida após o procedimento comparando-se com o que ocorre com um paciente que recebeu cirurgia convencional. Nossa imperiosa necessidade de superação impôs a abordagem minimalista com sedação consciente, anestesia local, ecocardiograma transtorácico e oclusão percutânea do acesso femoral. Tudo isso nos fez sonhar com uma alta precoce, mas a alta no dia seguinte parecia ser uma pretensão muito grande até mesmo para os mais otimistas.
Este trabalho incluiu 663 pacientes consecutivos que receberam TAVI com a válvula expansível por balão em uma única instituição. O objetivo era determinar os preditores para poder dar a alta no dia seguinte após o procedimento a pacientes com técnica minimalista e além disso comparar os resultados em 30 dias e em um ano com aqueles que ficaram mais dias internados depois de excluir todos aqueles que tinham apresentado alguma complicação. O desfecho primário foi uma combinação de morte e reintervenção em um ano.
Um total de 150 pacientes receberam alta no dia seguinte após o procedimento e 210 permaneceram internados. A idade média da população foi de 80,7 ± 8,8 anos e o STS médio de 6,6 ± 3,7%.
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Os preditores de alta no dia seguinte após o procedimento foram o sexo masculino (OR 2,02), ausência de fibrilação atrial (OR 1,62), creatinina sérica (OR 0,71) e a idade (OR 0,95).
Como era de se esperar, 84% dos pacientes que apresentaram alguma complicação permaneceram internados. Depois de excluir aqueles pacientes que apresentaram complicações não foram observadas diferenças em 30 dias entre os que receberam alta no dia seguinte e os que permaneceram internados. No entanto, em um ano de seguimento o desfecho combinado foi significativamente mais baixo no grupo minimalista ao extremo (HR 0,47). Tal diferença pode ser explicada por um menor risco de internações não cardiovasculares no grupo que recebeu alta no dia seguinte.
Conclusão
Dentre os pacientes que receberam TAVI e não apresentaram complicações observou-se uma taxa similar de eventos em 30 dias entre aqueles que receberam alta no dia seguinte após o procedimento e os que permaneceram internados. Em um ano a taxa de eventos foi significativamente mais baixa para os que receberam a alta precocemente.
Título original: Predictors and Clinical Outcomes of Next-Day Discharge After Minimalist Transfemoral Transcatheter Aortic Valve Replacement.
Referência: Norihiko Kamioka et al. J Am Coll Cardiol Intv 2018;11:107–15.
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