Título original: Association of the Recovery of Objective Abnormal CerebralPerfusion with Neurocognitive Improvement after CarotidRevascularization. Referência: Ching-Chang Huanget al. J Am CollCardiol 2013. Article in press.
O deterioro cognitivo foi observado em pacientes (pte) com lesões carotídeas severas assintomáticas, sendo a hipoperfusão uma possível explicação. Intuitivamente restaurar o fluxo poderia melhorar a capacidade neurocognitiva mas os estudos realizados até agora foram inconsistentes.
Este trabalho incluiu 61 ptes consecutivos com lesões carotídeas severas u oclusões totais nos que foi realizada uma tomografia computadorizada com perfusão e uma bateria de testes neuropsicológicos, previamente e 3 meses após a intervenção carotídea. A tomografia analisou o volume e o fluxo sanguíneo cerebral, o tempo no pico e o tempo médio de trânsito.
Dos 61 pacientes, 22 apresentavam uma oclusão total crónica e 39 lesão severa da carótida interna. A tomografia mostrou uma perfusão insuficiente em todos os pacientes com oclusão total e em 20 dos 39 com lesão severa.
Foi logrado êxito técnico em 14 das 22 totais (64%) e em todas as lesões severas. O motivo do fracasso nas oclusões totais foi a impossibilidade de atingir o leito distal com a guia. Um paciente com oclusão total evolucionou com stroke hemorrágico 5 horas depois da recanalização bem sucedida possivelmente devido à hiperperfusão. Um pte com lesão severa assintomática evolucionou com stroke isquêmico e precisou de trombolise. Ambos pacientes foram dados de alta e excluídos da avaliação neurocognitiva posterior.
Para a análise os ptes foram divididos em 3 grupos com base no resultado da tomografia e do procedimento. Grupo 1 (n=8) ptes com perfusão anormal e angioplastia falida, Grupo 2 (n=33) perfusão anormal com angioplastia bem sucedida e Grupo 3 (n=18) com perfusão normal e angioplastia bem sucedida. Não houve diferenças significativas nos resultados basais dos testes neurocognitivos entre os 3 grupos.
Logo da angioplastia não foram observadas mudanças no resultado dos testes neurocognitivos nem na perfusão cerebral dos Grupos 1 e 3. Pelo contrário, houve sim melhoras significativas no Grupo 2 tanto para os testes neurocognitivos como para a perfusão cerebral por tomografia.
Conclusão:
A angioplastia carotídea bem sucedida melhora a função neurocognitiva nos pacientes para os que tinha sido objetivada uma perfusão cerebral ipsilateral anormal. A melhora na cognição correlaciona-se bem com a melhora na perfusão.
Comentário editorial:
O Grupo 1 funciona como um controle ideal dado que basalmente não apresentava diferenças com o resto e foi exposto também ao risco do procedimento. Os testes investigam diferentes áreas da cognição pelo que vários devem ser realizados para ter uma ideia global, isto tem como limitante que pode resultar muito entediante para os pacientes. Além da perfusão por tomografia podem ser realizadas imagens metabólicas com 18F-fluorodeoxiglucosa para ajudar a correlacionar a reperfusão anatómica com a recuperação de funções corticais específicas logo da angioplastia. A melhora na cognição deve ser contrabalanceada com as complicações inerentes ao procedimento (neste caso um stroke isquêmico e um stroke hemorrágico).
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