Fatores prognósticos de mortalidade precoce em pacientes submetidos à TAVI; Cálculo do risco individual usando um simples Escore: Análise derivada do FRANCE II Registry.

Título Original: Predictive factors of early mortality after transcatheter aortic valve implantation: individual risk assessment using a simple escore. Referência: Heart. 2014 Apr 16. doi: 10.1136/heartjnl-2013-305314. Epub ahead of print.

 

A decisão de realizar uma intervenção na estenose aórtica sintomática deve equilibrar os riscos da cirurgia ou do implante valvular aórtico transcateter (TAVI). Foram identificados os fatores associados com a mortalidade precoce depois da TAVI com o objetivo de desenvolver e validar um escore de risco simples.

Uma população de 3.833 pacientes consecutivos foi dividida ao azar em dois grupos que compreendem 2.552 e 1.281 pacientes, respectivamente, utilizados para desenvolver e validar um sistema de pontuação para predizer a mortalidade hospitalar e a 30 dias.

Foi realizada TAVI  utilizando a prótese  Edwards Sapien em 2551 (66,8 %) pacientes e a Medtronic CoreValve em 1270 (33,2 %). O implante foi transfemoral em 2801 (73,4 %) pacientes, transapical em 678 (17,8 %), subclávia em 219 (5,7 %) e outro em 117 (3,1 %). 

A mortalidade precoce foi de 10,0 % (382 pacientes). Um modelo logístico multivariado identificou os seguintes fatores preditivos da mortalidade precoce: A idade ≥ 90 anos, índice de massa corporal < 30 Kg/m2, New York Heart Association classe IV, a hipertensão pulmonar, o estado hemodinâmico crítico, ≥ 2 edemas de pulmão durante o ano passado, insuficiência respiratória, diálises e implante transapical  ou outros (transaórtico e transcarotídeo).

Com base nos resultados criou-se uma pontuação de predição de mortalidade de 21 pontos.  O C- índice foi de 0,67 para o escore na coorte de desenvolvimento e 0,59 na coorte de validação. Houve una boa concordância entre as taxas de mortalidade aos 30 dias previstos e observados tanto na coorte de desenvolvimento como na de validação.

 

OR (IC 95%)

p

Escore

Estado críticoa

2.39 (1.42 a 4.02)

0.001

3

Baixo BMI, ≤18.5 kg/m2

2.27 (1.09 a 4.74)

0.03

3

Insuficiência respiratória

1.64 (1.22 a 2.20)

0.001

2

Diálise

2.88 (1.46 a 5.66)

0.002

4

Acessos Transapical

2.02 (1.47 a 2.78)

< 0.0001

2

Outro acesso não femoral

2.18 (1.11 a 4.28)

0.02

3

a) Definido como qualquer das seguintes situações que incluem, Taquicardia Ventricular, massagem cardíaca pré-operatória ou insuficiência renal aguda.

Conclusão

A mortalidade precoce depois de TAVI relaciona-se principalmente com la idade, la severidade de os sintomas, as comorbidades e o acesso transapical. Uma pontuação simples pode ser utilizada para predizer a mortalidade precoce depois de TAVI. 

Comentário Editorial

É importante y necessário um Escore bem validado para predizer mortalidade pós operatória  logo da TAVI. Este procedimento está mostrando ser cada vez mais seguro e confiável, mas a análise deste registro (tal vez dos mais importantes e cuidadosos do mundo), põe números precisos acerca de em quais pacientes este tipo de tratamento não irá impactar tanto na qualidade de vida ou inclusive poderia não ser benéfico.

A TAVI em pacientes agudos ou com desnutrição importante parece ser extremamente ariscado e provavelmente neste sub grupo fique diluído o efeito benéfico do método. Outro ponto importante é que efetivamente um acesso distinto ao transfemoral muda os resultados da técnica. Neste ponto acredito que ainda os resultados são impactados pela curva de aprendizado de acesso e fechamento ao ápice cardíaco. 

Gentileza Dr Matías Sztejfman.
Cardiologista Intervencionista.
Sanatório Güemes.
Buenos Aires, Argentina.

Dr. Matías Sztejfman

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...