Gentileza do Dr. Carlos Fava.
A cirurgia da valva aórtica continua sendo um tratamento de escolha, mas a presença de infarto agudo do miocárdio (IAM) no pós-operatório tem se relacionado com uma má evolução. Com o benefício que proporciona o TAVI nos pacientes de alto risco e o avanço exibido nos de risco intermediário, a presença de IAM pós-implante não está esclarecida e o debate sobre qual é a conduta a adotar nos pacientes que apresentam doenças coronarianas continua atual.
Para este estudo foram analisados 57 pacientes que receberam TAVI e outros 39 que foram submetidos a cirurgia de substituição da valvar aórtica (SAVR). Todos foram submetidos a uma RMN antes do procedimento e após 6 meses.
Aqueles pacientes que receberam TAVI pertenciam a um grupo de maior faixa etária (80 anos vs. 72 anos; p =< 0,001), menor classe funcional, (2,6 vs. 3,1; p < 0,001), EuroSCORE II mais alto (1,28 vs. 4,48; p = 0,001) e maior taxa de cirurgias cardiovasculares prévias (32% vs. 3%).
A presença de doenças coronarianas > 50% se deu em 34 pacientes que receberam TAVI. Em somente um caso se realizou ATC concomitantemente ao TAVI. Nos pacientes que foram submetidos à cirurgia de substituição da valva aórtica houve concomitância de CRM em 16 casos (41%).
O TAVI foi realizado preferentemente por acesso femoral. Em 45 pacientes se utilizou CoreValve e em 12 casos, Lotus. No grupo SAVR a maioria dos pacientes recebeu válvulas biológicas.
A presença de IAM pós-procedimento foi menor em TAVI (5% vs. 25%; p = 0,004). Na RMN com gadolínio o tamanho do IAM foi pequeno e sem alteração da fração de ejeção em ambos os grupos.
A taxa de IAM pós-procedimento nos que receberam TAVI e apresentaram doença coronariana foi de 3 pacientes (9%).
Conclusão
O IAM é uma complicação pouco frequente após o TAVI mas é mais comum após a cirurgia de substituição da valva aórtica. O tamanho do IAM é pequeno em ambos os procedimentos. A baixa taxa de IAM após o TAVI, especialmente no contexto de uma alta porcentagem de pacientes não revascularizados com doença coronariana, fortalece os dados prévios que sugerem que a revascularização coronariana pode ser desnecessária.
Comentário
Esta é a primeira análise que demonstra de forma comparativa o IAM periprocedimento entre as duas estratégias.
Embora o grupo de TAVI tenha sido de maior faixa etária e com mais comorbidades, a taxa de IAM demonstrou ser muito menor.
Também ficou demonstrado que a presença de doença coronariana > 50% no TAVI não se relacionou de forma significativa com IAM periprocedimento e que em ambos os grupos o tamanho do IAM foi pequeno e similar, não afetando a função ventricular.
Ainda não está encerrada a discussão sobre qual é a conduta a adotar nos pacientes que apresentam doenças coronarianas, sendo necessárias mais investigações a esse respeito.
Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Título Original: Post-procedural myocardial infarction following surgical aortic valve replacement and transcatheter aortic valve implantation.
Referência: Laura Dobson EuroIntervention 2017;13:e153-e160.
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