Síndrome de Hiperperfusão cerebral pós-angioplastia carotídea: uma complicação que podemos prevenir

Esta síndrome que pode ser reversível também é uma causa de AVC evitável, ao menos no contexto de uma cirurgia de endarterectomia carotídea. Atualmente, há pouca informação sobre sua incidência no contexto de uma angioplastia carotídea, motivo pelo qual este trabalho se ocupou de dar-nos alguma informação sobre a mesma e algumas dicas para evitá-la.

Síndrome de Hiperperfusión cerebral post-angioplastia carotídea: una complicación prevenibleRealizou-se uma busca sistemática, a partir da qual foram encontrados 33 trabalhos com um total de 8.731 angioplastias carotídeas que reportaram um risco de síndrome de hiperperfusão de 4,6% (3,1% a 6,8%). Quase a metade dos pacientes nos quais se deu o fenômeno de hiperperfusão terminaram com um AVC estabelecido (47%) e em mais da metade deles o AVC terminou sendo fatal ou incapacitante (54%).

 

Os sintomas não apareceram imediatamente: em média passaram umas 12 horas a partir do procedimento (intervalo de 8 a 36 horas). Esta é uma clara diferença com o AVC de causa embólica, diagnosticado na própria sala de cateterismo.


Leia também: Longe de ser um jogo de palavras, a desnutrição inclina a balança no TAVI.


Uma reserva cerebrovascular reduzida se associou a um maior risco de síndrome de hiperperfusão após a angioplastia (RR 5,18; IC 95% 1,0 a 26,8; p = 0,049).

 

Se o procedimento se realiza no contexto de um paciente sintomático, o risco de AVC periprocedimento é muito maior (isso é algo claro há bastante tempo); o que não sabíamos é que o risco de o paciente evoluir com síndrome de hiperperfusão é muito mais baixo que nos pacientes agudos (RR 0,20; IC 95% 0,07 a 0,59; p = 0,001).


Leia também: Custo-benefício de endopróteses fenestradas ou ramificadas vs. cirurgia aberta.


Aqueles pacientes com lesão carotídea bilateral ou lesões muito críticas devem ser manejados com muita atenção nas horas posteriores ao procedimento, sobretudo no que diz respeito ao controle da pressão arterial.

Conclusão

A síndrome de hiperperfusão cerebral é um fenômeno relativamente frequente e grave nos pacientes que recebem angioplastia carotídea e aparece nas primeiras horas pós-procedimento, nunca imediatamente. Deve-se incentivar o desenvolvimento de futuros estudos que nos forneçam evidência sobre como tratar esse fenômeno, incluindo o controle da pressão arterial e a medição do fluxo cerebral.

 

Título original: Cerebral Hyperperfusion Syndrome After Carotid Artery Stenting: A Systematic Review and Meta-analysis.

Referência: Anne E. Huibers et al. Eur J Vasc Endovasc Surg (2018). Article in press.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Impacto da Pressão Arterial Sistólica Basal nas Alterações Pressóricas após a Denervação Renal

A denervação renal (RDN) é uma terapia recomendada pelas diretrizes para reduzir a pressão arterial em pacientes com hipertensão não controlada, embora ainda existam...

Hipertrigliceridemia como fator-chave no desenvolvimento do aneurisma de aorta abdominal: evidência genética e experimental

O aneurisma de aorta abdominal (AAA) é uma patologia vascular de alta mortalidade, sem opções farmacológicas efetivas e com um risco de ruptura que...

Fibrilação Atrial e Doença Renal Crônica: Resultados de Diferentes Estratégias de Prevenção de Acidente Vascular Cerebral

A fibrilação atrial (FA) afeta aproximadamente 1 em cada 4 pacientes com doença renal terminal (DRT). Essa população apresenta uma alta carga de comorbidades...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...