Os pacientes que recebem implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) em hospitais sem cirurgia cardiovascular disponível correm mais risco. Este dado em si já é chamativo embora ao comparar as populações com propensity score observemos que a mortalidade a curto e longo prazos é similar em hospitais com ou sem cirurgia cardiovascular de apoio.
Há alguns anos toda esta discussão surgiu com a angioplastia coronariana, até que a pergunta finalmente foi respondida no congresso da AHA de 2016, onde se chegou à conclusão de que o grau de segurança não era afetado. No entanto, uma coisa são as coronárias e outra é uma valva onde tudo que pode se complicar tem outra dimensão.
Este trabalho incluiu pacientes de alto risco ou inoperáveis com estenose aórtica severa que submetidos a TAVI em instituições com ou sem cirurgia cardiovascular disponível em caso de complicações. Os guias atuais recomendam a realização deste tipo de procedimentos somente em hospitais com cirurgia disponível.
Leia também: Estenose aórtica e diálise: será o TAVI a estratégia de escolha?
Foram analisados 1.822 pacientes consecutivos do registro austríaco de TAVI, dentre os quais 290 (15,9%) receberam o procedimento em centros sem cirurgia disponível, ao passo que os restantes 1.532 (84,1%) foram tratados em centros com disponibilidade cirúrgica permanente.
Os pacientes tratados em lugares sem disponibilidade cirúrgica apresentaram um maior risco perioperatório definido por EuroSCORE (20,9% vs. 14,2%; p < 0,001) em comparação com aqueles tratados em hospitais com maior complexidade.
Leia também: AHA 2018 | Utilidade do balão de contrapulsação segundo o ensaio IABP-SHOCK II.
Ao analisar os números brutos, a sobrevida periprocedimento em hospitais sem cirurgia foi de 96,9% vs. 98,6% (p = 0,034), ao passo que em 30 dias foi de 93,1% vs. 96% (p = 0,039) e em um ano de 80,9% vs. 86,1% (p = 0,017), respectivamente. Um elemento de confusão óbvio, entre outros, é o diferente risco das populações, motivo pelo qual a comparação foi feita com propensity score, fazendo desaparecer assim todas as diferenças significativas, em todos os cortes de tempo.
Conclusão
De acordo com este trabalho, os pacientes que recebem TAVI em hospitais que não dispõem de cirurgia cardiovascular têm uma mortalidade similar a curto e longo prazo em comparação com os pacientes que são submetidos ao procedimento em centros de maior complexidade que incluem uma equipe cirúrgica disponível ante qualquer complicação. A massificação do TAVI levou a isto, embora ainda sejam necessários muitos estudos antes de que haja uma mudança nos guias.
Título original: Impact of On-Site Cardiac Surgery on Clinical Outcomes After Transfemoral Transcatheter Aortic Valve Replacement.
Referência: Florian Egger et al. J Am Coll Cardiol Intv 2018;11:2160–7.
Receba resumos com os últimos artigos científicosSubscreva-se a nossa newsletter semanal
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.