Os pacientes com fibrilação atrial que são submetidos a cirurgia vascular central por qualquer outra indicação se beneficiaram com a oclusão do apêndice atrial esquerdo nesse momento segundo o estudo LAAOS III apresentado no ACC 2021 e simultaneamente publicado no NEJM.
Sob anticoagulação oral os pacientes submetidos a oclusão do apêndice atrial esquerdo apresentaram uma taxa de AVC e embolia sistêmica de 4,8% vs. 7% daqueles cujos apêndices não foram tocados. Essa diferença foi muito significativa (HR 0,67; IC 95% 0,53-0,85).
Este trabalho oferece informação definitiva sobre o benefício da oclusão do apêndice atrial esquerdo em termos de AVC em pacientes com fibrilação atrial. A magnitude do benefício é inclusive maior quando excluímos o período perioperatório.
Atualmente as diretrizes americanas e europeias dão uma recomendação classe 2B à oclusão durante a cirurgia. É provável que a recomendação mude com estes novos dados.
O estudo LAAOS III foi realizado em 105 centros de 27 países e desenhado para dar uma informação definitiva sobre o tema, algo que finalmente conseguiu.
Quando o trabalho já tinha randomizado quase 5000 pacientes o comitê de segurança recomendou deter o estudo dado o claro benefício observado no braço ativo.
Leia também: A etiologia reumática é contraindicação para o TAVI?
Todos os pacientes incluídos apresentavam fibrilação atrial, um escore CHA2DS2-VASc de ao menos 2 e indicação de cirurgia cardíaca.
Cerca de dois terços dos pacientes foram submetidos a cirurgia valvar e 20% a cirurgia de revascularização miocárdica isolada.
Trinta por cento dos pacientes tinham sido submetidos previamente a ablação por sua fibrilação atrial. O tempo de bomba (119 vs. 113 minutos) e o tempo de clamping (86 vs. 82 min; p < 0,001) foram significativamente mais longos no ramo ativo, embora em termos absolutos tenham sido somente 5 minutos, que bem valeram a pena.
Leia também: Podemos afrontar a curva de aprendizagem no AVC agudo?
Todas as técnicas de oclusão cirúrgica do apêndice atrial esquerdo estavam permitidas por protocolo, sendo a mais utilizadas a amputação e a oclusão do coto mediante sutura.
A oclusão reduziu significativamente a chance de AVC e embolia sistêmica em 3,8 anos de seguimento conduzida por uma menor chance de AVC (4,2% vs. 6,6%; HR 0,62; IC 95% 0,48 a 0,80). As curvas começaram a se separar poucos dias após a cirurgia e ficaram completamente divergentes a partir dos 30 dias.
cierre-orejuela-laaosTítulo original: Left atrial appendage occlusion during cardiac surgery to prevent stroke.
Referência: R.P. Whitlock et al. Presentado en el ACC 2021 y publicado simultáneamente en NEJM. DOI: 10.1056/NEJMoa2101897.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos