A calcificação vascular é um preditor de dificuldade no posicionamento do stent e em sua expansão, o que aumenta a probabilidade de falha do dispositivo (incluindo os stents de última geração). Com o objetivo de diminuir essas dificuldades, foram sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas distintas estratégias modificadoras do cálcio.
Dois recentes estudos randomizados compararam diversos dispositivos de preparação do cálcio. O PREPARE-CALC comparou aterectomia rotacional (AR) com balões modificadores de placa (BMP = balões cutting/balões scoring) e o ISAR-CALC, que comparou balões de pressão superalta (BSAP) comparados com os BMP. Em ambos os estudos foram obtidas imagens com tomografia de coerência ótica (OCT) para avaliar a expansão do stent.
Neste estudo fez-se uma análise de dados individuais das angioplastias em lesões coronarianas de ambos os estudos (PREPARE-CALC e ISAR-CALC) com o objetivo de pesquisar o rendimento das distintas estratégias para a preparação das lesões calcificadas.
Entre setembro de 2014 e outubro de 2017 obtiveram-se dados de 200 pacientes. Usou-se a técnica de aterectomia rotacional com Rotablator, balões de scoring (AngioSculpt, Angioscore ou ScoreFlex), balões de cutting (Flextome) e balões de pressão superalta (OPN).
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O desfecho primário foi a expansão do stent com OCT. Os desfechos secundários foram a avaliação da excentricidade do stent, assimetria do stent, ganho agudo do lúmen, sucesso da estratégia e a presença de eventos cardiovasculares maiores na internação.
Fez-se a preparação da lesão com AR em 63 pacientes, BMP em 103 pacientes e BSAP em 34 pacientes. A maior parte da população estava composta de homens com doença multivaso, com lesões-alvo habitualmente na descendente anterior.
A preparação da lesão com AR vs. BMP ou BSAP demonstrou uma comparável extensão do stent (73,2% ± 11,6 vs. 70,8% ± 13,6% vs. 71,8% ± 12; p = 0,49). Ao realizar a análise por protocolo chegou-se aos mesmos resultados. Os pacientes tratados com BSAP se associaram a menor excentricidade em comparação com AR (0,74 ± 0,09 vs. 0,70 ± 0,06 vs. 0,70 ± 0,08, p = 0,03), mostrando a análise por protocolo achados similares. O ganho agudo do lúmen foi maior quando a lesão foi preparada com os BSAP em comparação com AR e BMP (1,88 ± 0,43 vs. 1,69 ± 0,38 vs. 1,79 ± 0,41; p = 0,08).
O sucesso na estratégia foi maior no grupo AR comparado com BMP e BSAP (100% vs. 86,4% vs. 91,2%; p ¼ 0,002), observando-se crossover que requereu o uso de AR como estratégia complementar em 5,8% dos BMP e em 8,8% dos BSAP. Ao analisar o IAM do vaso tratado durante o procedimento, este ocorreu em 3,2% de AR e 2,9% de BMP, não apresentado diferenças.
Conclusões
Ao analisar este conjunto de dados de OCT dos estudos randomizados, evidenciou-se que AR, BMP e BSAP apresentaram expansão do stent comparável, ao passo que ao analisar a excentricidade o que melhor performance teve foi o BSAP. O sucesso da estratégia foi maior com a AR.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Rotational Atherectomy or Balloon-Based Techniques to Prepare Severely Calcified Coronary Lesions.
Fonte: Rheude T, Fitzgerald S, Allali A, et al. Rotational Atherectomy or Balloon-Based Techniques to Prepare Severely Calcified Coronary Lesions. JACC Cardiovasc Interv. 2022;15(18):1864-1874. doi:10.1016/j.jcin.2022.07.034.
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