Nos últimos anos a realização do TAVI tem experimentado um perceptível crescimento. Entretanto, um dos desafios atuais é sua aplicação em pacientes jovens e de baixo risco.
Em tal contexto, a disponibilidade de informação é limitada e carecemos de estudos randomizados do “mundo real”.
O ensaio DEDICATE randomizou 1414 pacientes de mais de 65 anos com estenose aórtica severa sintomática. Dentre eles, 701 foram submetidos a TAVI e 713 a cirurgia de substituição aórtica (RVAO). Foram excluídos aqueles pacientes que necessitavam cirurgia de revascularização miocárdica além da RVAO, bem como os que tinham antecedentes de RVAO prévia, valva bicúspide, outra valvopatia que requeresse cirurgia ou outras doenças que aumentassem o risco da cirurgia.
O desfecho primário (DP) em um ano foi a morte por qualquer causa e o AVC.
A idade média foi de 74 anos, com 56% de participação de homens. O STS de mortalidade foi de 1,8%, com uma fração de ejeção de 57%. A presença de hipertensão foi de 84%, a de diabetes foi de 33%, a de doença coronariana foi de 36%, 6% foi a de doença vascular periférica, 6% de AVC, 15% de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), 28% de fibrilação atrial, 9,5% de bloqueio do ramo direito (BCRD), 7% de bloqueio o ramo esquerdo (BCRE) e 5% de necessidade de marca-passo.
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O DP em um ano de seguimento foi de 5,4% vs. 10% (hazard ratio: 0,53; intervalo de confiança de 95% [IC]: 0,35 a 0,79; p < 0,001 para não inferioridade) para TAVI e RVAO, respectivamente.
Despois de um ano de seguimento, a mortalidade por qualquer causa foi de 2,6% vs. 6,2% (hazard ratio: 0,43; IC de 95%: 0,24 a 0,73) para TAVI e RVAO, respectivamente.
A mortalidade cardíaca foi de 2% vs. 4,4% (hazard ratio: 0,47; IC de 95%: 0,24 a 0,86), acidente vascular cerebral 2,9% vs. 4,7% (hazard ratio: 0,61; IC de 95%: 0,35 a 1,06), acidente vascular cerebral ou acidente isquêmico transitório (AIT) 4,1% vs. 5,1% (hazard ratio: 0,61; IC de 95%: 0,35 a 1,06), AVC incapacitante 1,3% vs. 3,1% (hazard ratio: 0,42; IC de 95%: 0,19 a 0,88), a necessidade de marca-passo definitivo foi de 11,8% vs. 6,7% (hazard ratio: 1,81; IC de 95%, 1,27 a 2,61) e presença de fibrilação atrial foi de 12,2% vs. 13,6% (hazard ratio: 0,36; IC de 95%: 0,28 a 0,46).
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Na análise ecocardiográfica realizada 12 meses após a intervenção, não houve diferenças no gradiente médio, na área valva aórtica nem na presença de regurgitação moderada ou severa. A taxa de trombose valvar, endocardite, reintervenção ou internação por insuficiência cardíaca foi baixa e similar nas duas estratégias.
Conclusão
Em pacientes com estenose aórtica severa e risco baixo ou intermediário para cirurgia, o TAVI não demonstrou ser inferior à cirurgia em termos de morte por qualquer causa ou AVC em um ano.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Transcatheter or Surgical Treatment of Aortic-Valve Stenosis.
Referência: S. Blankenberg, et al. for the DEDICATE-DZHK6 Trial Investigators NEJM DOI: 10.1056/NEJMoa2400685.
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