ACC 2024 | REDUCE AMI: Betabloqueadores após infarto do miocárdio e fração de ejeção preservada

A maioria dos ensaios que demonstraram um benefício relacionado com o tratamento com betabloqueadores depois de um infarto do miocárdio incluíram pacientes com IAM extensos e foram levados a cabo na era prévia ao diagnóstico de IAM com biomarcadores e ao tratamento com angioplastia coronariana, utilização de agentes antitrombóticos e estatinas de alta intensidade, e antagonistas do sistema renina-angiotensina-aldosterona. 

ACC 2024

O objetivo deste estudo multicêntrico e randomizado foi avaliar o benefício potencial do tratamento com betabloqueadores após o IAM em pacientes com função sistólica do ventrículo esquerdo preservada na era atual de tratamento percutâneo e tratamento médico. 

O desfecho primário (DP) foi uma combinação de morte por todas as causas e IAM não fatal. O desfecho secundário (DS) foi uma combinação de morte por todas as causas, IAM e hospitalização por insuficiência cardíaca. Além disso, foi apresentado um desfecho de segurança que incluiu hospitalização por bradiarritmia, hipotensão ou síncope, hospitalização por asma ou DPOC e hospitalização por acidente vascular cerebral. 

Incluíram-se 5020 pacientes que foram randomizados, 2508 a receber tratamento com betabloqueador (metoprolol ou bisoprolol) e 2512 a tratamento convencional. A idade média da população foi de 65 anos e a mesma esteve composta majoritariamente por homens. A mediana de seguimento foi de 3,5 anos. 35% dos pacientes se apresentavam com IAM com elevação do segmento ST. 17% apresentavam doença de tronco da coronária esquerda e três vasos, e a maioria recebeu tratamento percutâneo com ATC (96%), ao passo que os 4% restantes foram submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica. 

Leia Também: ACC 2024 | SMART Trial: TAVI autoexpansível ou expansível por balão em pacientes com um anel aórtico pequeno.

No tocante ao DP, foi observada uma taxa de 7,9% no grupo de betabloqueadores vs. 8,3% no grupo de tratamento convencional (HR 0,96; IC de 95%: 0,79-1,16; p = 0,64). Não foram observadas diferenças no que se refere ao DS e ao desfecho de segurança. 

Conclusão 

Entre os pacientes com infarto agudo do miocárdio que foram submetidos a uma angiografia coronariana precoce e tinham uma fração de ejeção do ventrículo esquerdo preservada (≥ 50%), o tratamento com betabloqueadores a longo prazo não mostrou menor risco de morte por qualquer causa ou novo IAM ou novo infarto do miocárdio em comparação com não usar tratamento com betabloqueadores. 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Beta-blockers after Myocardial Infarction and Preserved Ejection Fraction.

Referência: Troels Yndigegn et al ACC 2024.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Doença coronariana em estenose aórtica: dados de centros espanhóis em cirurgia combinada vs. TAVI + angioplastia

O implante valvar percutâneo (TAVI) demonstrou em múltiplos estudos randomizados uma eficácia comparável ou superior à da cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). No entanto,...

Evolução das válvulas balão-expansíveis pequenas

Os anéis aórticos pequenos (20 mm) têm se constituído em um verdadeiro desafio, tanto em contexto de cirurgia como em implante percutâneo da valva...

TCT 2024 | FAVOR III EUROPA

O estudo FAVOR III EUROPA, um ensaio randomizado, incluiu 2000 pacientes com síndrome coronariana crônica ou síndrome coronariana aguda estabilizada e lesões intermediárias. 1008...

TCT 2024 – ECLIPSE: estudo randomizado de aterectomia orbital vs. angioplastia convencional em lesões severamente calcificadas

A calcificação coronariana se associa à subexpansão do stent e a um maior risco de eventos adversos, tanto precoces quanto tardios. A aterectomia é...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Estudo TRI-SPA: Tratamento borda a borda da valva tricúspide

A insuficiência tricúspide (IT) é uma doença associada a alta morbimortalidade. A cirurgia é, atualmente, o tratamento recomendado, embora apresente uma elevada taxa de...

Estudo ACCESS-TAVI: Comparação de dispositivos de oclusão vascular após o TAVI

O implante transcatéter da valva aórtica (TAVI) é uma opção de tratamento bem estabelecida para pacientes idosos com estenose valvar aórtica severa e sintomática....

Tratamento endovascular da doença iliofemoral para melhorar a insuficiência cardíaca com FEJ preservada

A doença arterial periférica (EAP) é um fator de risco relevante no desenvolvimento de doenças de difícil tratamento, como a insuficiência cardíaca com fração...