Título original: Valve-in-Valve Implantation of Medtronic CoreValve Prosthesis in Patients with Failing Bioprosthetic Aortic Valves. Referência: Axel Linke el al. Circ Cardiovasc Interv. 2012;5:689-697.
Este estudo avalia a segurança, viabilidade e resultados dos pacientes do implante de Core Valve com próteses biológicas disfuncionais por estenose, insuficiência ou a combinação de ambas. As próteses biológicas são preferíveis às mecânicas nas pessoas com idade acima de 65, porque não necessitam de anticoagulação, o problema é que eles se deterioram e podem funcionar mal ao longo do tempo. Estes pacientes têm uma elevadíssima taxa de morbidade e mortalidade em uma reoperação.
Foram tratados 27 pacientes consecutivos, sintomáticos, recusados de cirurgia devido ao alto risco (EuroSCORE log 31,3 ± 16,5). O acesso foi femoral e com anestesia local. Os eventos e resultados do procedimento foram analisados segundo as definições do Valvular Academic Research Consortium (VARC).
A Core Valve foi implantada corretamente em todos os pacientes. Um apresentou embolização da válvula que foi corrigida com uma segunda válvula e dois morreram periprocedimento.
Os gradientes diminuíram em 83% (gradiente pico de 58±21 a 12±8 mm Hg e gradiente médio de 42±15 a 10±8 mm Hg). 3 pacientes ficaram com insuficiência aórtica grau 2. Segundo as definições VARC não se foi alcançado sucesso em 11 dos 27 pacientes (44%).
Todos melhoraram os sintomas, mesmo aqueles em que o gradiente médio permaneceu>20 mm Hg. A mortalidade em 30 dias foi de 7,4% e no acompanhamento remoto (421 ± 198 dias) foi de 15%. Um paciente (2,7%) necessitou de marca-passos definitivo.
Conclusões:
O implante de uma Core Valve (Medtronic) por acesso femoral com anestesia local para pacientes com próteses biológicas disfuncionais é seguro e viável neste grupo de alto risco
Comentário editorial
Embora que já tenham sido implantadas mais de 15.000 Core Valve (Medtronic) no mundo, a experiência para tratar próteses biológicas disfuncionais é escassa. Essa é a maior série de valve-in-valve com Core Valve e com um acompanhamento de mais de um ano.
É de notar que, embora o gradiente pós-implante tenha melhorado significativamente em comparação com a linha de base, esteve abaixo do resultado em pacientes com válvula nativa; isto poderia ser devido a uma incompatibilidade entre o paciente e a prótese original. Também chama a atenção a baixa necessidade de marca-passo definitivo pós-implante (só 2,7%); é possível que a fibrose ocasionada pela cirurgia anterior de alguma maneira proteja o sistema de condução.
Os pacientes com válvula biológica disfuncional podem ser tratados com o implante de uma Core Valve, com bons resultados em longo prazo e com uma clara melhora clínica, embora seja preciso ser menos exigente com os gradientes residuais.
Por: SOLACI.ORG