Título original: Outcomes of Endovascular Aneurysm Repair in Patients with Hostile Neck Anatomy Referência: Stather et al. European Journal of Vascular and Endovascular Surgery 44 (2012) 556-561.
O tratamento endovascular dos aneurismas da aorta abdominal (EVAR) já demonstrou seus benefícios em termos de mortalidade, em comparação com a cirurgia convencional.
A desvantagem do EVAR reside nas reintervenções por vazamentos internos, migração, ou falha do dispositivo e isso poderia estar relacionado à anatomia adversa. O objetivo deste estudo foi o de comparar os resultados do EVAR em pacientes com colo favorável (CF) com colo desfavorável (CD), definido como aquele com menos uma das seguintes características: diâmetro maior de 28 mm, angulação >60°, comprimento < 15 mm, colo cônico ou com trombo.
O estudo incluiu 552 pacientes consecutivos submetidos ao EVAR entre janeiro de 1999 e julho de 2010 em um centro com acompanhamento médio de 4,1 anos. Do total de pacientes, 199 (36,1%) apresentaram colo desfavorável. Não houve diferenças nas características de linha de base entre os grupos. Os dispositivos mais usados foram: Cook Zenith, Medtronic Talent/Endurant e Gore Excluder.
No acompanhamento em 30 dias não foram observadas diferenças entre os grupos tanto em relação ao fracasso do procedimento (CF 0,6% contra CD 2%; p=0,12), mortalidade (CF 1,1% vs. CD 0,5%; p=0,45), vazamento interno tipo I (CF 0,8% contra CD 2,5%; p=0,12) ou reintervenções (CF 2,8% contra CD 5%; p=0,12).
No acompanhamento remoto (média 4 anos) foi observada maior incidência de vazamento interno tipo I em colos desfavoráveis (4,5% em contraste com. 9,5%; p=0,02) e, por outro lado, maior incidência de vazamento tipo II em colos favoráveis (16,7% em contraste com 10,6%; p<0,05).
Não houve diferenças entre os grupos em migração do dispositivo (2,5% contra FC. CD 3%, P=0,75), expansão da bolsa (CF 13% contra CD 9,5%, P=0,22) ruptura do aneurisma (CF 1,1% contra. CD 3,5%, p=0,05) ou mortalidade (CF 15,1% contra. CD 14,6%, p=0,86). Se foi significativa a diferença no número de reintervenções para os pacientes com colo desfavorável (CF 11% em contraste com CD 22,8%; p<0,01).
Conclusão:
Os pacientes com aneurisma de aorta abdominal e colo desfavorável podem ser tratados de forma endovascular com a mesma mortalidade no longo prazo que a dos pacientes com colo favorável, mas com uma maior incidência de vazamento interno tipo I e reintervenções.
Comentário editorial:
A série maior e com maior acompanhamento publicada de EVAR com colo desfavorável nos mostra a viabilidade e segurança do procedimento, mas também a necessidade de um acompanhamento cuidadoso e de longo prazo. Embora os colos desfavoráveis tenham apresentado maior incidência de reintervenções estas foram na maioria para tratar vazamentos tipo I B e tipo II, que dificilmente se relacionam à anatomia do colo. Uma limitação do estudo é que ele foi realizado em um único centro, o que tira a validade externa, e isso não é um dado menor na hora de enfrentar uma anatomia desafiadora na qual a experiência desempenha um papel fundamental.
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