A artéria radial é o acesso usual para a Europa

Título original: Consensus document on the radial approach in percutaneous cardiovascular interventions: position paper by the European Association of Percutaneous Cardiovascular Interventions and Working Groups on Acute Cardiac Care and Thrombosis of the European Society of Cardiology. Referência: Martial Hamon et al. EuroIntervention 2013; 8-online publish-ahead-of-print January 2013.

A Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) publicou recentemente um consenso propondo a artéria radial como o acesso padrão para as intervenções coronarianas. 

A evidência surgiu de trabalhos como o STEMI-RADIAL no qual o acesso radial em pacientes que ingressaram por síndrome coronariana agudo com supradesnível do segmento ST foi associado com uma menor incidência de hemorragia maior, complicações vasculares e um benefício clínico líquido maior. Este último, que é a combinação dos eventos cardiovasculares maiores (MACE) e a hemorragia maior foi reduzido em 58% com o acesso radial (11.0% em contraste com 4.6%; p=0.0028). 

Outro estudo que também incluiu pacientes sofrendo uma síndrome coronariana aguda com supradesnível do segmento ST foi o RIFLE-STEACS que demonstrou menor mortalidade cardiovascular em 30 dias comparado com os pacientes nos quais a angioplastia primária foi realizada por acesso femoral. O estudo RIVAL e o registro SCAAR chegaram a conclusões semelhantes.

Além da evidência dos trabalhos, a experiência do operador continua sendo um ponto importante. Segundo o consenso, os hospitais e os operadores deveriam realizar mais de 50% dos procedimentos por acesso radial e pelo menos 80 procedimentos ao ano para alcançar e manter a habilidade em um acesso que é tecnicamente mais exigente. A angioplastia primária por via radial é recomendada apenas depois de adquirir experiência em pacientes estáveis e em estudos diagnósticos.

Apesar do supradito, viu-se um progresso tanto nos operadores como nos materiais que tornou possível haver apenas 1,5% de conversão à via femoral. A preferência dos pacientes não deve ser subestimada, considerando-se o maior conforto, de fato, os que experimentaram ambos os acessos claramente preferem o acesso radial principalmente pela possibilidade de deambular rapidamente. Em relação aos custos, embora ainda não tenham sido publicados trabalhos que tenham estudado isto sistematicamente, o senso comum sugere que o acesso radial também gera economia para o Sistema de Saúde e os hospitais.

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