A revascularização incompleta deixou de ser uma variável binária

Título original: Residual SYNTAX score after PCI for triple vessel coronary artery disease: quantifying the adverse effect of incomplete revascularisation. Referência: Christopher J. Malkin et al. EuroIntervention 2013;8:1286-1295.

No ramo angioplastia do estudo SYNTAX atingiu-se a revascularização completa em 56.7% da população. Por outro lado, no mundo real, ao redor de 40% dos pacientes (ptes) que se apresentam com síndromes coronárias agudas têm doença de múltiplos vasos mais só um terço deles recebe revascularização completa. Dado o avultado número de ptes com revascularização completa, é importante determinar como isto afeta o prognóstico e o grau (se é que existe) de revascularização aceitável. Habitualmente a integridade ou não da revascularização foi uma variável binária mas este estudo introduz o conceito de escore de SYNTAX residual (rSYNTAX) que quantifica o grau de revascularização logo da angioplastia (ATC).

Realizou-se uma análise retrospectiva de todos os ptes com doença de 3 vasos em um centro, entre 2003 e 2008. Foram incluídos tanto ptes estáveis como cursando síndromes coronárias agudas tentando conseguir a revascularização mais completa possível em um procedimento. O rSYNTAX foi calculado subtraindo do escore basal cada uma das lesões tratadas com sucesso, e o delta SYNTAX à diferença entre o escore basal e o residual.

Foram incluídos 240 ptes com doença de 3 vasos e um SYNTAX basal médio de 29 (22-38). Um escore basal >32 associou-se significativamente com diabetes, disfunção ventricular, doença periférica, contraindicação cirúrgica e apresentação de emergência (todos p<0.01). A revascularização completa (rSYNTAX =0) foi conseguida em 40% sendo o rSYNTAX médio da população de 3.5. No final do seguimento (2.6 anos) somente SYNTAX residual foi indicador de mortalidade ao contrário do SYNTAX basal ou do delta SYNTAX que logo do ajuste não resultaram indicadores.

Conclusão: 

O escore de SYNTAX residual resultou um indicador independente de mortalidade em pacientes não selecionados que receberam angioplastia a múltiplos vasos. La revascularização completa (SYNTAX residual=0) parece ser o objetivo nos pacientes com múltiplos vasos sempre que possa ser atingido de maneira segura.

Comentário editorial: 

Não está analisado o número de SYNTAX residual a partir do qual as curvas separam-se e a diferença em mortalidade começa a ser significativa. Analisar um SYNTAX residual de zero vs não zero como como se fez neste estudo é para fins práticos exatamente igual a comparar revascularização completa vs incompleta. Seguramente vai haver algum trabalho que tome o conceito de SYNTAX residual e nos ensine o número tão esperado de até que grau de revascularização incompleta é seguro deixar. 

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