O registro com seguimento mais longo em angioplastia ao tronco de coronária esquerda. Diferenças significativas segundo o segmento doente.

Titulo original: The DELTA Registry (Drug-Eluting Stent for Left Main Coronary Artery Disease): A Multicenter registry Evaluating Percutaneous Coronary Intervention Versus Coronary Artery Bypass Grafting for left Main Treatment Referência: Naganuma T, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2013;6:1242–9

A angioplastia ao tronco de coronária esquerda não protegido tem aumentado de maneira significativa nos últimos anos apresentando bons resultados. Atualmente para as guias a angioplastia das lesões do óstio e do com são Clase IIa.

Nesta análise do registro DELTA se analisaram 1612 pacientes que receberam angioplastia ao tronco de coronária esquerda com stents farmacológicos, dos quais 482 (29.9%) apresentaram lesão no óstio e no corpo e 1130 (70.1%) lesão no segmento distal. Se analisou a ocorrência de eventos combinados (morte de qualquer causa, infarto e revascularização) y de trombose de stent.

As características de ambos grupos estiveram bem balanceadas exceto que os pacientes com lesão no segmento distal/bifurcação apresentaram mais frequentemente lesões de múltiplos vasos, um score de SYNTAX mais alto e a necessidade de balão de contra pulsação. Aqueles com lesão ostial e do corpo receberam stents de maior diâmetro e de menor longitude.

Não foram observadas diferenças na ocorrência de eventos intra hospitalares. No seguimento a 1250 dias (987-1564) foram observadas 13 tromboses definitivas (0.8%). La angioplastia no segmento distal/bifurcação se associou com uma maior incidência de eventos combinados (19.1% vs 28.5%. HR 1.48, IC 95% 1.16 a 1.89; p=0.001). Esta diferencia esteve fundamentalmente conduzida por uma maior necessidade de revascularização tanto do vaso como da lesão alvo. Una tendência a maior mortalidade de qualquer causa desapareceu ao emparelhar os dois grupos com propensity score.

Ao analisar por separado o grupo com lesão do segmento distal/bifurcação, aqueles que receberam 2 stents vs solo um apresentaram mais eventos. Os preditores de eventos foram: lesão distal/bifurcação, fração de ejeção, diâmetro do stent e a necessidade de balão de contra pulsação.

Conclusão: 

Este estudo demonstra que a angioplastia para o óstio e o corpo do tronco de coronária esquerda apresenta melhor evolução clínica que a do segmento distal/bifurcação fundamentalmente por uma menor necessidade de nova revascularização.

Comentário editorial

Este registro, como outros que avaliaram a angioplastia ao tronco não protegido, mostrou que é um procedimento seguro e que o sítio da  sitio da lesão é um ponto chave nos resultados. Uma das limitantes desta análise é que se utilizaram na sua maioria stents eluidores de droga de primeira geração e que, como era habitual na época que se realizou o registro, ou frequente seguimento angiográfico pode haver aumentado as revascularizações.

Gentileza Dr Carlos Fava.
Fundação Favaloro
Argentina

Dr. Carlos Fava para SOLACI.ORG

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