Aterectomia Orbital, melhora os resultados nas lesões calcificadas

Título original: Pivotal Trial to Evaluate the Safety and Efficacy of the Orbital Atherectomy System in Treating de Novo, Severely Calcified Coronary Lesions (ORBIT II) Referência: Jeffrey Chambers, et al. JACC Intervention 2014;7:510-8

A calcificação severa das coronárias tem sido sempre um fator importante a se levar em conta devido está associada à dificuldade ou impossibilidade da implantação de um stent, assimetria pós implante, maior taxa de eventos pós procedimento, mais reestenose, mais revascularização da lesão e stent trombose.

Este é um estudo prospectivo, não randomizado, multicêntrico no qual foram incluídos 443 pacientes com lesões de novo e severamente calcificadas que receberam Aterectomia Orbital (ATOR).

O ponto final primário foi o implante bem sucedido do stent e um combinado de morte, infarto e revascularização a 30 dias. O ponto final secundário foi o sucesso angiográfico (lesão residual <50%) e a presença de complicações coronárias severas (dissecações tipo C a F, perfuração, slow ou no reflow e oclusão aguda).

A artéria que mais frequentemente recebeu angioplastia foi a descendente anterior (51.6%), o comprimento médio da lesão foi de 18 mm, o diâmetro 3.1 mm. Foram utilizados stents farmacológicos em 88.2% e convencionais em 11.4%. O tempo do procedimento foi de 52 minutos, fluoroscopia 18.2 minutos, volume de contraste 174 ml.

O implante exitoso do stent foi de 97.7% (ponto final primário) e o combinado de morte, infarto e revascularização a 30 dias resultou de 10.4% (infarto não Q 8.8%, infarto Q 0.9%, morte cardíaca 0.2% e revascularização do vaso 1.4%). O sucesso angiográfico (ponto final secundário) atingiu 91.4% e as complicações coronárias severas 7.2%.

Conclusão

A aterectomia orbital mostrou segurança e eficácia, a preparação das lesões calcificadas não só ajudou o implante do stent senão que também melhorou os resultados comparado com series históricas neste grupo de pacientes.

Comentário editorial

A preparação das lesões severamente calcificadas sempre tem sido um verdadeiro desafio. A ATOR apresentou menos taxa de IAM peri procedimento que os publicados com aterectomia rotacional que gira ao redor de 20% nos diferentes estudos e menor taxa de complicações vasculares coronárias com uma melhor evolução peri procedimento a 30 dias. Estes novos dispositivos seguramente ajudarão  os intervencionistas a realizar angioplastias mais complexas com maior segurança.  

Gentileza Dr. Carlos Fava
Cardiologista Intervencionista
Fundação Favaloro – Buenos Aires

Dr. Carlos Fava para SOLACI.ORG

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