Tanto médicos quanto pacientes estão expostos a uma maior dose de radiação durante uma angioplastia realizada por acesso radial em comparação com aquela realizada por acesso femoral. Dita afirmação é respaldada por este grande estudo contemporâneo com operadores de alto volume em pacientes cursando uma síndrome coronariana aguda.
Embora a diferença em radiação para os pacientes tenha sido relativamente pequena (aproximadamente 10% maior para o acesso radial), isso se traduziu no dobro da dose no tórax do operador.
Por cada 100 procedimentos por acesso femoral, o operador recebe uma dose equivalente a 6 radiografias de tórax, enquanto que, para cada 100 procedimentos por acesso radial, a dose equivale a 11,5 radiografias de tórax.
O estudo RAD-MATRIX é um subestudo do MATRIX, que randomizou 8.400 pacientes cursando uma síndrome coronariana aguda com ou sem elevação do segmento ST a acesso radial vs. femoral entre 2011 e 2014. O subestudo se enfocou em 18 operadores que coletivamente realizaram 777 procedimentos (398 por acesso radial).
Os operadores do estudo utilizaram dosímetros dedicados no pulso esquerdo, no centro do tórax posto por fora do avental de chumbo e na altura da cabeça para mediar a exposição dos olhos. De maneira adicional, todos utilizaram proteção padrão que incluiu tela fixa na maca de angiografia para proteger a parte baixa do corpo e uma tela móvel suspensa do teto para proteger a parte superior.
As doses no tórax, na cabeça e no pulso esquerdo foram similares na comparação entre o acesso radial esquerdo e o direito.
De acordo com o estudo, o incremento da dose efetiva para o operador para um único procedimento realizado por acesso radial vs. femoral equivale a 1,1 µSv. Extrapolado a 300 procedimentos, isso corresponderia a 330 µSv adicionais ou a seu equivalente: 17 radiografias de tórax.
Os resultados do RAD-MATRIX apontam em direção contrária a uma recente metanálise que sugeriu que o excesso de radiação foi diminuindo com o tempo graças à maior experiência dos operadores.
A diferença observada neste estudo se deu em operadores com uma muito alta experiência em acesso radial, motivo pelo qual poderiam se supor diferenças ainda maiores em operadores menos experientes.
A diferença em sangramento e complicações vasculares justifica, sem dúvida, a pequena maior exposição nos pacientes. No que diz respeito aos médicos, deve-se continuar com o acesso radial como até agora, mas cientes de que estejam sendo utilizadas todas as medidas de proteção possíveis.
Título original: Radiation exposure and vascular access in acute coronary syndromes: The RADMatrix Trial. J Am Coll Cardiol. 2017; Epub ahead of print.
Apresentador: Alessandro Sciahbasi.
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