Gentileza do Dr. Carlos Fava.
A presença de DPOC é um dos fatores pelos quais os pacientes são descartados de cirurgia, sendo o TAVI a opção atual. A estratégia minimalista poderia ser benéfica nesse grupo, já que utiliza sedação e não anestesia geral.
Foram analisados 88 pacientes com DPOC severa ou muito severa (severa: FEV1 ≥ 30%-50%; muito severa: FEV1 ≤ 30% ou FEV1 < 50% associada a falha respiratória crônica) os quais foram submetidos a TAVI por acesso femoral. 42 deles receberam estratégia convencional (sala híbrida, anestesia geral e ETE) enquanto que os 46 restantes receberam uma estratégia minimalista (laboratório de hemodinâmica, sedação e ecodoppler transtorácico).
As populações apresentaram resultados similares, salvo pelo fato de aqueles que receberam estratégia convencional (EC) terem apresentado uma maior taxa de CRM (45,5% vs. 20,6%; p = 0,03) e um menor grau de AVC (16,7% vs. 37%; p = 0,05).
O procedimento foi mais longo no grupo de EC (129 vs. 97 minutos; p =< 0,001): estes pacientes tiveram uma estadia hospitalar mais prolongada (5 vs. 2 dias; p = 0,001) e, por sua vez, requereram mais dias na unidade coronariana ou na sala de cuidados telemétricos.
Após o implante houve maior presença de regurgitação leve no grupo de EC que se equiparou em 30 dias.
Após um mês de realizado o procedimento não houve diferença na presença de eventos.
Com um ano de seguimento houve menor mortalidade, sem chegar a significância estatística nos que receberam estratégia minimalista (75,1% vs. 61,9%; p = 0,11).
Na análise univariada e multivariada a utilização da estratégia minimalista e a revascularização coronariana prévia se associaram a um incremento na sobrevida, enquanto que a presença de regurgitação paravalvar moderada se associou a uma diminuição da mesma.
Conclusão
A estratégia minimalista com acesso femoral no TAVI resulta – em comparação com a estratégia convencional – em uma menor utilização de recursos e em uma melhora da sobrevida em um ano de seguimento. Estes achados devem ser validados em coortes de maior tamanho com pacientes que apresentem DPOC severa.
Comentário
Esta análise nos mostra que é factível realizar o TAVI de forma mais simples e menos invasiva, mantendo – ou talvez melhorando – os resultados e diminuindo a internação e os custos sem modificar a qualidade.
Embora a abordagem minimalista seja muito boa e diminua os dias de internação, a complexidade e os custos, devemos compreender que não é ideal para todos os pacientes. Deve-se levar em consideração que, em muitos casos é necessário convertê-la a estratégia conservadora.
É preciso continuar investigando qual é o grupo que não é passível de ser submetido à estratégia minimalista.
Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Título original: Does Minimalist Transfemoral Trancatheter Aortic Valve Replacement Produce Better Survival in Patients With Severe Chronic Obstructive Pulmonary Disease?
Referência: Jose Condado, et al. Catheterization Cardiovascular Intervention 2017;89:775-780
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