A observação durante toda a noite tem sido um cuidado padrão após uma angioplastia coronariana nos Estados Unidos. A base de dita prática se remonta aos primeiros dias da angioplastia com balão, quando a oclusão aguda e as complicações nos acessos eram frequentes.
Atualmente há vários registros e estudos randomizados que demonstram de forma clara a segurança da alta no mesmo dia após uma angioplastia coronariana. Isso tem múltiplos benefícios, como por exemplo, uma maior satisfação para os pacientes, a diminuição da estadia hospitalar e a redução dos custos do procedimento.
Apesar da evidência, essa estratégia enfrentou uma grande resistência na prática cotidiana, especialmente nos Estados Unidos, onde entre 2004 e 2008 a taxa de alta no mesmo dia foi de apenas 1,25%. Dita resistência pode ser atribuída à inércia dos médicos, a preocupações com a segurança, à falta de treinamento no acesso radial ou a dispositivos de oclusão percutânea.
Muitas dessas razões (que impediram a implementação da alta no mesmo dia) tem perdido força recentemente, motivo pelo qual este trabalho se propõe a avaliar se atualmente a tendência se reverteu ou si, ao contrário, devemos continuar manejando os pacientes como nos primeiros dias da angioplastia com balão.
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Foram avaliados todos os pacientes da base de dados de Nova York e da Flórida que receberam angioplastia coronariana entre 2009 e 2013.
As re-hospitalizações não planejadas dentro dos 7 dias e do primeiro mês foram os desfechos primários.
Observou-se uma modesta tendência a favor da alta no mesmo dia com o passar dos anos, de 2,5% em 2009 a 7,4% em 2013 (p < 0,001). A alta precoce foi dada mais frequentemente aos pacientes masculinos e jovens com menores comorbidades.
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Foram observadas consideráveis diferenças entre os distintos Hospitais. Os Hospitais grandes, universitários e com um alto volume de angioplastia utilizaram a estratégia da alta precoce muito mais frequentemente do que os Hospitais menores.
Os pacientes que receberam a alta hospitalar no mesmo dia do procedimento mostraram uma taxa similar de re-hospitalizações não planejadas, mortalidade e infarto agudo do miocárdio quando comparados àqueles que permaneceram no hospital.
Conclusão
De 2009 a 2013 observou-se um modesto aumento na estratégia de dar alta no mesmo dia aos pacientes que recebem angioplastia coronariana. Não houve diferenças no que se refere a eventos adversos como re-hospitalizações não planejadas, infartos ou morte entre os pacientes que receberam alta no mesmo dia e aqueles que pernoitaram no Hospital.
Comentário editorial
Para implementar com sucesso um programa de alta no mesmo dia após uma angioplastia coronariana é importante saber com precisão que pacientes e que tipo de procedimentos são os mais indicados para dita prática.
A fragilidade, as comorbidades, as pautas de alarme, a contenção social e a distância do domicílio ao Hospital podem ajudar a escolher os pacientes adequados.
Em uma revisão sistemática similar não foram observadas diferenças de risco entre os dois grupos de pacientes. No entanto, no presente estudo o oposto ficou claramente estabelecido.
Título original: Trends and Outcomes After Same-Day Discharge After Percutaneous Coronary Interventions.
Referência: Shikhar Agarwal et al. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2017;10:e003936.
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