A hipertensão pulmonar tromboembólica é causada pela estenose ou oclusão de ramos da artéria pulmonar por trombos organizados.
O único tratamento potencialmente curativo para dita doença é a tromboendarterectomia cirúrgica. No entanto, pacientes com lesões em ramos muito periféricos ou comorbidades que aumentam muito o risco cirúrgico podem se beneficiar de um “plano B”, como a angioplastia com balão de ramos pulmonares. A porcentagem de pacientes com hipertensão tromboembólica crônica que não podem ser submetidos a cirurgia varia entre 12 e 60,9%, dependendo das séries.
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Este registro multicéntrico incluiu 308 pacientes (62 homens e 246 mulheres com uma idade média de 61 anos) que foram submetidos a 1.408 procedimentos em 7 Hospitais do Japão.
As medições hemodinâmicas melhoraram em 249 pacientes após 1.154 procedimentos, basicamente por uma diminuição da pressão média ou da pressão sistólica. Dita melhora se manteve nos 196 pacientes que foram submetidos a um cateterismo direito de controle no seguimento.
A pressão média na artéria pulmonar diminuiu de 43,2 ± 11,0 a 24,3 ± 6,4 mmHg após o último procedimento de angioplastia com balão e manteve-se em 22,5 ± 5,4 mmHg no seguimento, com a conseguinte redução de medicação específica e oxigênio suplementar.
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Observaram-se complicações em 511 procedimentos (36,3%) que incluíram injúria pulmonar (17,8%), hemoptise (14%) e perfuração da artéria pulmonar (2,9%). Doze pacientes (3,9%) faleceram durante o seguimento, incluindo 8 que faleceram dentro dos 30 dias de realizada a angioplastia.
A sobrevida global em um ano foi de 96,8% e em dois anos foi de 94,5%.
Conclusão
Este registro multicéntrico sugere uma melhora hemodinâmica significativa após a angioplastia com balão dos ramos pulmonares. As complicações foram frequentes, mas a sobrevida global foi comparável à da tromboendarterectomia pulmonar, o que torna a angioplastia uma opção terapêutica razoável na hipertensão tromboembólica crônica.
Comentário editorial
Mais de 80% dos pacientes incluídos neste registro foram considerados inoperáveis por alto risco.
A prescrição de drogas específicas para hipertensão pulmonar primária comprovadamente não tem efeito em hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (excetuando-se a de riociguat). Isso seria uma evidência da necessidade de um tratamento efetivo nos pacientes que aqui nos ocupam. Os médicos indicam essas drogas de maneira compassiva quando os pacientes são descartados de tromboendarterectomia cirúrgica.
A complicação mais frequente foi a injúria pulmonar de reperfusão, que neste trabalho foi de aproximadamente de 20% (embora existam relatórios que indicam 60%). A injúria ocorre no sangramento pulmonar correspondente à artéria dilatada e desaparece aproximadamente no quarto dia.
Título original: Balloon Pulmonary Angioplasty for Chronic Thromboembolic Pulmonary Hypertension. Results of a Multicenter Registry.
Referência: Aiko Ogawa et al. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2017;10:e004029.
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