A medição do fluxo fracionado de reserva (FFR) com um fio-guia 0,014 capaz de medir pressões é o padrão para valorar o significado funcional de uma lesão em coronárias epicárdicas. Há várias razões pelas quais a adoção do FFR na prática clínica está defasada com a enorme quantidade de evidência que respalda sua utilização. Algumas dessas razões são aspectos técnicos que têm relação com a capacidade do guia de pressão para navegar certas lesões ou o frustrante que pode ser a perda da posição para voltar a equalizar as pressões quando observamos muita flutuação e não estamos seguros de que o valor obtido é o real.
Recentemente foi desenvolvido um microcateter com um sensor ótico de pressão que pode ser impulsionado sobre qualquer guia 0,014 (essa que tanto gostamos e que utilizamos na maioria dos casos) e que, além disso, permite realizar um pullback sem perder a posição da lesão. A potencial desvantagem do sistema poderia ser, obviamente, seu maior perfil se comparado ao do guia somente, e isso poderia exageram o grau de estenose e sobrestimar a medição do FFR.
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O desfecho primário foi a diferença entre as duas medições, assumindo-se como padrão ouro a medição do guia.
A diferença média entre a medição do cateter vs. a medição do guia foi de -0,022 (IC 95%, -0,029 a -0,015). Na análise multivariada se observou que o diâmetro de referência do vaso (p = 0,027) e o comprimento da lesão (p = 0,044) foram preditores independentes de dispersão entre as duas medições.
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Conclusão
A medição do FFR com a utilização do microcateter Navvus especialmente desenhado para esta função tende a determinar valores mais baixos que os derivados do guia de pressão, mas o impacto diagnóstico e terapêutico de dita diferença parece mínimo para a maioria dos casos.
Comentário editorial
Do ponto de vista fisiológico, faz sentido que o acréscimo de um microcateter tenha um maior impacto no fluxo através de uma lesão que somente a utilização do fio-guia, levando a um maior gradiente com o cateter-guia e, em última instância, a um FFR mais baixo, especialmente em lesões longas e vasos mais finos.
Quanto mais severa foi a medição com o cateter, maior a diferença observada com a medição do guia, embora para a maioria dos casos ambas as medições tenham sido funcionalmente significativas, motivo pelo qual o impacto clínico para decidir o que fazer com a lesão não se modificou.
Uma segunda geração do microcateter com um perfil muito menor já está disponível comercialmente, embora não tenha sido avaliado neste trabalho. Por outro lado, os guias para medição do FFR também evoluíram com ganho de torque e capacidade de navegação. Em algum momento esta corrida armamentista vai ter um ganhador e com certeza vai ser aquele dispositivo que for mais simples de utilizar.
Título original: ACIST-FFR Study (Assessment of Catheter-Based Interrogation and Standard Techniques for Fractional Flow Reserve Measurement).
Referência: William F. Fearon et al. Circ Cardiovasc Interv. 2017 Dec;10 (12).
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